Pedro Bandeira, escritor de literatura infantojuvenil, abriu sua biblioteca pessoal, em São Roque (SP), para o jornal O Estadão em mais um episódio da série Coleção de Livros.
Com mais de 20 milhões de obras vendidas, recebeu vários prêmios, como Jabuti, Adolfo Aizen e Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). É autor de mais de 100 títulos, como A droga da obediência (1984), O fantástico mistério de Feiurinha (1986) e outros.
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Ao indicar suas leituras preferidas, Bandeira relembrou os exemplares de literatura que marcaram sua juventude, também alguns clássicos e obras contemporâneas. Confira as indicações:
1. O Continente, de Érico Veríssimo
“É um dos clássicos brasileiros que eu mais adorei durante minha adolescência. Doei muitos livros da minha biblioteca, mas jamais conseguiria desapegar desse aqui.”

Sinopse: O primeiro volume de O Continente abre a trilogia O tempo e o vento. Erico mergulha no passado do Rio Grande do Sul e do Brasil em busca das raízes do presente. O país vive um momento de redescoberta de si e de redefinição de caminhos, com o fim do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, e o começo da Guerra Fria. Essa é a moldura para sua visão vertiginosa da violência e das paixões na definição da fronteira e nas guerras civis de seu estado natal.
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2. No caminho, com Maiakóvski, de Eduardo Alves da Costa
“Eu leio muito poesia. E indico meu amigo Eduardo. O poema dele que tem o mesmo título do livro é a melhor poesia que alguém escreveu sobre a ditadura por aqui.”

Sinopse: O niteroiense Eduardo Alves da Costa é autor de um dos poemas mais famosos da literatura brasileira – mas que, por infelicidade, é muitas vezes atribuído a autores tão diversos quanto Maiakovski, Borges, Jung e García Márquez. “No Caminho, com Maiakovski” já virou de camiseta da campanha pelas Diretas Já a pôster em cafés europeus e corrente da Internet. Depois de anos esgotado em livro, o poema dá nome a esta reunião da obra poética completa de Costa, dono de um fazer poético vigoroso, impactante, de cunho social, que mistura erudição, criatividade no trato da língua e comunicação imediata com o leitor.
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3. Dom Quixote, de Miguel de Cervantes
“Pra mim, o básico é ler Dom Quixote. Eu lembro, na infância, de chegar à casa do meu tio e ver dois volumes bonitos encadernados. Eu peguei e abri. E tinha uns desenhos maravilhosos do Gustavo Doré. Aquele velho magro com lança na mão. E eu adorava coisas de cavalaria. Foi aí que comecei a ler. E é muito gostoso acompanhar esse jogo entre o Sancho Pança – uma pessoa inculta, mas de seu tempo – e o Dom Quixote – que é culto, mas totalmente avoado.”

Sinopse: Dom Quixote de La Mancha não tem outros inimigos além dos que povoam sua mente enlouquecida. Seu cavalo não é um alazão imponente, seu escudeiro é um simples camponês da vizinhança e ele próprio foi ordenado cavaleiro por um estalajadeiro. Para completar, o narrador da história afirma se tratar de um relato de segunda mão, escrito pelo historiador árabe Cide Hamete Benengeli, e que seu trabalho se resume a compilar informações. Não é preciso avançar muito na leitura para perceber que Dom Quixote é bem diferente das novelas de cavalaria tradicionais – um gênero muito cultuado na Espanha do início do século XVII, apesar de tratar de uma instituição que já não existia havia muito tempo. A história do fidalgo que perde o juízo e parte pelo país para lutar em nome da justiça contém elementos que iriam dar início à tradição do romance moderno – como o humor, as digressões e reflexões de toda ordem, a oralidade nas falas, a metalinguagem – e marcariam o fim da Idade Média na literatura.
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4. O Sol é Para Todos, de Harper Lee
“É uma narrativa assim invejável. Ela só publicou um livro em vida, mas é muito lindo. E depois virou um filme com o Gregory Peck, que faz o papel maravilhosamente bem.”

Sinopse: Nesta emocionante história ambientada no Sul dos Estados Unidos da década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial, vemos um mundo de grande beleza e ferozes desigualdades através dos olhos de uma menina de inteligência viva e questionadora, enquanto seu pai, um advogado local, arrisca tudo para defender um homem negro injustamente acusado de cometer um terrível crime. Uma história sobre raça e classe, inocência e justiça, hipocrisia e heroísmo, tradição e transformação, O sol é para todos permanece tão importante hoje quanto foi em sua primeira edição, em 1960, durante os anos turbulentos da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
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5. Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato
“Foi o primeiro livro dele que eu li. Eu era apaixonado pelo Lobato, mas alguns livros dele, como Caçadas de Pedrinho, eu não daria para uma criança ler hoje. Ou os livros didáticos que ele tentou fazer e eram chatíssimos. Tem outros, no entanto, que sobrevivem tranquilamente aos dias atuais.”

Sinopse: Conhecido como a locomotiva do comboio da saga do Picapau Amarelo, Reinações de Narizinho reúne as onze histórias que Lobato começou escrevendo em 1920. Surgem ali Narizinho, Pedrinho, o Visconde, Rabicó, Tia Nastácia, e, claro, Emília, que comanda todas as travessuras em um misto de realidade e fantasia, trazendo à cena personagens clássicos da literatura infantil mundial, como Cinderela, Branca de Neve, o Gato Félix, todos ilustres convidados de cada uma das festas.
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6. 1984, de George Orwell
“Eu amo esse livro. É fascinante. Até encadernei a edição que eu tinha, porque já estava bem desgastada.”

Sinopse: Publicada originalmente em 1949, a distopia futurista 1984 é um dos romances mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Lançada poucos meses antes da morte do autor, é uma obra magistral que ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre a essência nefasta de qualquer forma de poder totalitário.
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7. Histórias da gente brasileira, de Mary Del Priore (coleção)
“Essa coleção dela é impagável. Eu já lia a Mary quando tinha a revista de história da Biblioteca Nacional, que infelizmente não existe mais. Ela escrevia artigos e tal. Fiquei tão feliz quando a conheci pessoalmente. Eu li essa coleção muito prazer (são quatro volumes: Colônia, Império, República: Memórias e República: Testemunhas).”

Sinopse: Mary del Priore nos presenteia, nesta coleção, com as verdadeiras histórias do país, aquelas que retratam intimamente a vida da gente brasileira. Os personagens aqui vão além daqueles conhecidos, como Tiradentes ou d. Pedro I; somos todos nós. Afinal, é conhecendo nossas raízes, as histórias de nosso povo e os objetos que usavam que seremos capazes de compreender melhor o país em que vivemos e de construir um futuro mais promissor.
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8. Escravidão, de Laurentino Gomes (volume 1)
“Até agora estou devendo a leitura do segundo volume, mas gostei demais do primeiro. A minha admiração por ele está na forma como ele comunica. Não é historiador, mas tem a linguagem do jornalismo. Ele leu muito, pesquisou muito e explica de uma maneira que as pessoas entendem.”

Sinopse: Maior território escravista do hemisfério ocidental, o Brasil recebeu cerca de 5 milhões de cativos africanos, 40% do total de 12,5 milhões embarcados para a América ao longo de três séculos e meio. Como resultado, o país tem hoje a maior população negra do planeta, com exceção apenas da Nigéria. Foi também, entre os países do Novo Mundo, o que mais tempo resistiu a acabar com o tráfico de pessoas e o último a abolir o cativeiro, por meio da Lei Áurea de 1888 ― quatro anos depois de Porto Rico e dois depois de Cuba.
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9. Papo de Sapato, de Pedro Bandeira e Ziraldo
“Uma das minhas grandes alegrias. Eu escrevi e ele ilustrou. É uma beleza de livro. Eu chorei muito a morte dele.”

Sinopse: Você já imaginou o que aconteceria se o seu sapato falasse? Papo de Sapato mostra a conversa entre pares de sapatos, cheios de histórias para contar, em um lixão da cidade. Surpreendentemente e com muito carinho, Pedro Bandeira dá uma lição de cidadania. O livro do renomado autor Pedro Bandeira foi ilustrado po Ziraldo, devido à comemoração dos 25 anos da criação do menino maluquinho.
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10. Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez
“Não posso deixar de citar esse. A história emocional daquela família é fabulosa.”

Sinopse: Em Cem anos de solidão, um dos maiores clássicos da literatura, o prestigiado autor narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe de solitários para a qual não será dada “uma segunda oportunidade sobre a terra” e apresenta o maravilhoso universo da fictícia Macondo, onde se passa o romance. É lá que acompanhamos diversas gerações dessa família, assim como a ascensão e a queda do vilarejo. Para além dos artifícios técnicos e das influências literárias que transbordam do livro, ainda vemos em suas páginas o que por muitos é considerado uma autêntica enciclopédia do imaginário, num estilo que consagrou o colombiano como um dos maiores autores do século XX.
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