O escritor e colecionador Eduardo Helbert Urban ganhou repercussão nas redes sociais ao compartilhar um vídeo com registros cartoriais do século XIX relacionados a pessoas escravizadas — incluindo punições e certidões de alforria. Nas imagens, ele apresenta a ficha de um homem chamado Tobias, caracterizado como “de cor preta, cabelos crespos”, detido por “circular nas ruas fora do horário permitido” e sentenciado a “50 chibatadas”.
De acordo com Urban, os livros foram recuperados de um incêndio em um depósito de descarte de uma biblioteca, cuja localização não foi revelada. Ele declarou ter adquirido os documentos e está comercializando um deles — o livro de óbitos já foi vendido. A publicação, entretanto, provocou reações de quem considera que esses arquivos deveriam ser preservados em museus ou acervos públicos.
Alguns usuários, no entanto, afirmaram que esses materiais deveriam ser entregues a instituições como o Museu Afro ou o Museu Nacional. Em sua defesa, Urban alegou agir com “critério e estudo”, afirmando que não doará os livros, mas que restaurará e digitalizará o volume sobre alforrias para torná-lo público.

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O colecionador rebateu as críticas: “Se não fosse pelo alfarrabista que me vendeu, esse material teria virado cinzas”. Ele também ressaltou que cartórios em cidades históricas costumam negar acesso a esses registros e que, ao divulgá-los, está contribuindo para preservar a memória.
Em stories, Urban reclamou de ataques pessoais e revelou que contraiu um empréstimo para comprar os livros. “Ninguém me apoia nesse projeto. Estou agindo sozinho”, desabafou. Disse ainda que tentou vender os documentos a órgãos públicos, mas não recebeu resposta.
Entre elogios e críticas, ainda bem que alguém teve o interesse de resgatar esse material e esperamos que algum orgão público se interesse em acolhê-los e possa recompensar o colecionador por ter recuperado e cuidado dos arquivos.
Veja o vídeo: