Você sabe quem era a Geni do Zepelim do Chico Buarque? Geni é uma personagem da peça Ópera do Malandro, de Chico Buarque. Trata-se de uma travesti que vive pelos covis da malandragem carioca, ao redor dos puteiros e das prostitutas, dos bandidos e contrabandistas.
Sua índole é boa, sua força é tremenda para aguentar todas as porradas da vida. Geni é, no fundo, uma vencedora, uma resistente. Mas Geni também tem seus podres, suas mentiras, suas falcatruas. A ironia é também uma forma de sobreviver.
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A canção com que Chico presentou sua personagem, Geni e o Zepelim, é uma belíssima parábola da trajetória desta pessoa expulsa para as margens da vida por ser o que é, mas que, por um dia, tem seu momento de epifânico, saindo da invisibilidade que lhe é imposta.
Geni, nas mãos do poderoso que desce dos Zepelim, entrega-se, mas se mantém firme. Seus princípios são seus muros e, como diz Clarice, nunca se sabe qual defeito que sustenta nossa casa inteira. Além disso, a música faz uma referência ao texto BOULE DE SUIF, de Maupassant, conto escrito em 1879.
Conheça o conto de Guy de Maupassant

Boule de Suif – que pode ser traduzido como Bola de Gordura ou Bola de Banha (Elizabeth Rousset) é uma cortesã ou prostituta de membros de classe alta da sociedade francesa. Ela é menosprezada, mas tem estabilidade financeira para poder pagar boa comida e os meios para deixar Rouen quando sente que precisa a segurança foi violada.
O conto narra a história dessa prostituta francesa que se entrega a um oficial prussiano para que os seus passageiros possam continuar a viagem. A história foi adaptada ao cinema numa realização de Mikhaïl Romm, em 1934, e de Christian-Jaque, em 1945 (que se inspirou, aliás, noutra novela de Maupassant, Mademoiselle Fifi).