Neste 8 de janeiro de 2025, o Palácio do Planalto se torna novamente um espaço de memória, resiliência e compromisso com a democracia ao ser sede de eventos que marcam o segundo aniversário dos ataques golpistas de 2023. Um momento histórico e carregado de simbolismo pela capacidade de resistência de nosso país, o dia trará não apenas cerimônias formais, mas também profundas reflexões sobre o passado, a arte e o futuro do país.
O dia que abalou a nação
O fatídico domingo de 8 de janeiro de 2023 começou como um dia comum. O Brasil, no entanto, assistiu com horror a invasão das sedes dos Três Poderes por uma multidão enfurecida vestida de verde e amarelo. Com gritos de insurreição, eles cruzaram as portas da democracia e deixaram um rastro de destruição inimaginável.
![](https://jornalnota.com.br/wp-content/uploads/2025/01/167440145463cd56ae279c0_1674401454_3x2_md.jpg)
Obras que simbolizavam a identidade cultural e histórica do país, como “A Justiça” e os icônicos paineis de Athos Bulcão, foram atacadas sem piedade. A memória nacional foi ferida, e o impacto nos corações e mentes daqueles que assistiam, em tempo real, à barbárie, ainda ecoa como uma lembrança dolorosa.
Ressignificação e restauração
Dois anos depois, o Palácio do Planalto se prepara para reintegrar ao seu acervo 21 obras que foram danificadas, em um evento cujo foco é a recuperação da memória democrática e a preservação do patrimônio cultural brasileiro. Entre as peças que retornam ao seu lugar de destaque está o raro relógio do século XVII trazido por D. João VI, restaurado na Suíça, e a tela “As Mulatas” de Di Cavalcanti, cuja beleza foi reconstituída após um processo complexo.
Além disso, esculturas impactantes como “Galhos e Sombras” de Frans Krajcberg e “O Flautista” de Bruno Giorgi emergem restauradas, simbolizando a vitória da arte sobre a destruição.
Leia também: “COMUM”: nos 60 anos do golpe, peça retrata história de vala com mais de mil ossadas de presos políticos
![](https://jornalnota.com.br/wp-content/uploads/2025/01/1_enq20250106034-44297134.jpg)
A recuperação do acervo foi liderada por equipes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O trabalho aconteceu em um laboratório subterrâneo no Palácio da Alvorada, com um investimento de cerca de R$ 2,2 milhões. Cada peça restaurada é um testemunho da dedicação e do compromisso com o legado cultural do Brasil.
A busca por justiça
O evento não apenas celebra a restauração, mas também destaca o progresso nas investigações sobre a tentativa de golpe. A prisão do general Walter Braga Netto e a condenação de Antônio Cláudio Alves Ferreira, responsável por danificar o histórico relógio, a 17 anos de prisão, representam passos firmes rumo à responsabilização.
![](https://jornalnota.com.br/wp-content/uploads/2025/01/7c8e71872e9559dd0b2e791aba02e142-1-1.avif)
Expressões artísticas e novas perspectivas
No Supremo Tribunal Federal (STF), a memória estará revivida através de uma roda de conversa e do lançamento de um hotsite dedicado ao episódio como forma de resistência. Artistas transformam destroços do vandalismo em obras de reflexão, ressignificando a destruição e provando que a arte é, sempre, um ato de resistência.
![](https://jornalnota.com.br/wp-content/uploads/2025/01/5244efad8a4154e539c9cb6c8f113839.avif)
As primeiras obras restauradas chegaram ao Palácio do Planalto em 6 de janeiro de 2025. O retorno completo do acervo, neste dia de lembrança e renovação, simboliza a capacidade do Brasil de se reerguer diante da adversidade e o compromisso contínuo com a democracia. Este dia, mais do que um marco no calendário, será um lembrete de que a arte, a memória e a liberdade são valores inquebrantáveis.