A Mostra de Cinema Árabe Feminino chega à sua quarta edição, com exibições gratuitas no Rio de Janeiro, Niterói e Duque de Caxias. De 17 a 25 de agosto de 2024, estas três cidades receberão uma programação com 27 importantes filmes dirigidos por mulheres árabes, sejam estas residentes no mundo árabe ou cineastas em diáspora. O evento, que também inclui sessões comentadas e mesas redondas, contará com presenças internacionais da realizadora Nour Ouayda e da curadora Alia Ayman. O projeto tem produção da Partisane Filmes, da Caprisciana Produções e da Circular Filmes. Uma realização do Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Paulo Gustavo, e do Centro Cultural Banco do Brasil.
A curadoria, realizada pelas brasileiras Analu Bambirra e Carol Almeida e pela egípcia Alia Ayman, visa exibir filmes com linguagens artísticas e narrativas não-hegemônicas. Analu Bambirra explica a importância da mostra: “Em 2024, a mostra se encontra mais urgente do que nunca. É necessário olhar para os países árabes para se discutir temas como “solidariedade”, “libertação”, “violência” e “sociedade”. Apesar do foco ser majoritariamente palestino devido à gravidade da situação, exibiremos filmes de países como Líbano, Egito, Sudão e Síria”. A equipe de curadoria completa: “Gostaríamos de destacar que esta é uma edição excepcional da mostra, uma vez que nunca realizamos este trabalho de curadoria em tempos tão excepcionais como estes que vivemos. Enquanto vidas são perdidas, incluindo as de crianças palestinas, qual é o papel dos festivais de cinema? Isto é, existe algum papel?”
No Rio de Janeiro, a mostra acontecerá no Centro Cultural Banco do Brasil, centro cultural que abraçou as edições de 2019 e de 2023. Em Niterói, a mostra ocorrerá no Cine Arte UFF, espaço exibidor situado em Icaraí e vinculado à Universidade Federal Fluminense. Já em Duque de Caxias, a mostra terá um dia de exibição na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ), e dois dias no Gomeia Galpão Criativo, espaço de resistência cultural da Baixada, que abriga muitas das atividades do Cineclube Mate com Angu, parceiro do projeto.
A sessão de abertura, realizada no dia 17/08 no CCBB RJ, será com o filme “Adeus Tiberíades”, longa-metragem que conta a história de Hiam Abbas, atriz de “Succession”, que representou a Palestina na busca de uma vaga ao Oscar em 2023. A programação terá uma masterclass com a diretora palestina Razan AlSalah, no dia 18/08, domingo, às 16hs, também no Centro Cultural Banco do Brasil. A atividade, que abordará os temas de trabalho e a sua trajetória dentro do cinema, contará com tradução consecutiva para o português e intérprete de LIBRAS.
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Ambas as universidades públicas mencionadas estão ligadas a cursos de Cinema e Audiovisual no estado do Rio de Janeiro. Se a UFF, por um lado, possui um dos mais tradicionais e renomados cursos de Ensino Superior do país, formando diversos cineastas, curadores e críticos atuantes no cinema nacional, a UERJ promete inaugurar no ano de 2024 seu primeiro vestibular com vagas para este curso na FEBF.
Sobre a Mostra
A Mostra de Cinema Árabe Feminino, desde sua primeira edição em 2019, tem como objetivo buscar e ampliar o acesso a obras cinematográficas dirigidas por mulheres árabes. A cinematografia destes países é riquíssima porém pouquíssimo conhecida e difundida no Brasil, especialmente quando se trata de diretoras mulheres. A mostra, desta forma, carrega uma proposta política, desde 2019, de um evento contínuo que almeja pesquisar, difundir e pensar acerca de filmes realizados por mulheres árabes.
O mundo árabe é extremamente complexo e midiático, e há diversos estereótipos e inúmeras imagens que já associamos a ele. A mostra visa combater essa prática, bem como expandir as possibilidades, a partir do cinema, das diversas e complexas experiências de ser uma realizadora árabe dentro e fora do próprio mundo árabe. As curadoras da mostra explicam as escolhas: “Direcionamos nosso olhar para filmes não-hegemônicos, filmes narrativos, documentais e experimentais, e trabalhamos também para revelar ao público essa pluralidade de linguagens e formatos”.
A mostra trata de uma região que, internamente e externamente, vive em constante disputa narrativa. Temos a mídia jornalística pontuando o que é o mundo árabe através de “fatos” e opiniões; temos o cinema mainstream estadunidense pontuando em ficções personagens árabes que servem de base para a formação de uma visão do que é o mundo árabe; temos o feminismo ocidental que trata mulheres árabes como vítimas passivas sem voz e poder; temos os governos locais, que propagam visões muito direcionadas do que deve ser o mundo árabe. Trata-se quase sempre de leituras hegemônicas, presentes no imaginário brasileiro, que reforçam o que se chama de “Orientalismo”, ou seja, a perspectiva estereotipada do oriente. “Terrorismo”, “véu muçulmano em mulheres”, “guerra” e “opressão às mulheres” são quatro exemplos de narrativas fortes presentes no nosso imaginário.
Eventos como a Mostra de Cinema Árabe Feminino aparecem para questionar estas narrativas, através do cinema realizado por mulheres. Ao propor esse recorte, queremos tanto romper com a ideia de “mulher oprimida”, como a presunção de uma região sem cultura fílmica. O recorte, por si só, desloca o espectador de todo um estereótipo reforçado há anos. Ao acessar os filmes, o público tem uma nova quebra, ao entrar em contato com títulos de propostas estéticas e linguagens bastante diversas. Há filmes do mais familiar gênero aos espectadores, ou seja, do cinema narrativo (como a ficção Hacker Beduína, da diretora Nadia El Fani), filmes mais tradicionais documentais (como o longa-metragem A sensação de ser observada, da diretora Assia Boundaoui) e filmes com uma proposta de inovação experimental (como o documentário Mar Roxo, da diretora Amel Alzakout em codireção com Khaled Abdulwahed). O leque de possibilidades estéticas dos filmes que propomos na mostra traz consigo uma pluralidade de formas de se ver, representar e fabular sobre o mundo árabe.
Logo, a Mostra de Cinema Árabe Feminino promove o aumento da cultura fílmica do público fluminense, assim como promove a troca cultural entre o Brasil e o mundo árabe. Não se trata de buscar uma representação única e verdadeira sobre o que é ser mulher no mundo árabe, e sim ser um evento de trocas, conexões e de ampliação de acesso.
Programação Diária
Sábado, 17 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
14h – SESSÃO DE ABERTURA – Adeus Tiberíades [Bye Bye Tiberias]
Lina Soualem, 82’, 2023, França, Palestina, Bélgica, Catar | 12 anos
16h – Mesa Redonda com a Curadoria
com Analu Bambirra, Carol Almeida e Alia Ayman
18h – Cante o seu conto, pequeno pássaro [Tell your tale little bird]
Sessão comentada – com Badra El Cheikh e Juliana Muniz
Arab Loutfi, 90’, 1990/2007, Egito, Líbano, Palestina | 18 anos
Domingo, 18 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
14h – Impedimento em Cartum [Khartoum Offside]
Sessão Comentada – com Alexandre dos Santos
Marwa Zein, 76’, 2019, Sudão, Noruega, Dinamarca, França | Livre
16h – Masterclass “Imagens do mundo colonial e a Estética do Retorno à Palestina”
com Razan AlSalah – transmissão ao vivo com a diretora, com intérprete de LIBRAS
18h – A sensação de ser observada [The feeling of being watched]
Assia Boundaoui, 87’, 2018, Estados Unidos | 12 anos
Segunda-feira, 19 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
17h – Sessão de curtas-metragens (61’) | 16 anos
2026 [2026]
Maha Maamoun, 9’, 2010, Egito
Minha Pátria [Mawtini]
Tabarak Abbas, 12’, 2024, Suíça
Fantasmas Familiares [Familiar Phantoms]
Larissa Sansour, Søren Lind, 40’, 2023, Reino Unido
18h30 – Hacker Beduína [Bedwin Hacker]
Nadia El Fani, 100’, 2006, Estados Unidos | 14 anos
Terça-feira, 20 de agosto – Centro de Artes UFF – Cine Arte UFF / Niterói
19h – Sessão de curtas-metragens (55’) | 14 anos
Sessão Comentada – com Razan AlSalah – com legenda descritiva e comentários em transmissão ao vivo com a diretora, com intérprete de LIBRAS
Uma pedra atirada [A Stone’s Throw]
Razan AlSalah, 40’, 2024, Canadá, Palestina, Líbano
Canada Park [Canada Park]
Razan AlSalah, 8’, 2020, Canadá, Palestina
Seu pai nasceu com 100 anos, assim como a Nakba
[Your father was born 100 years old, and so was the Nakba]
Razan AlSalah, 7’, 2017, Palestina
Quarta-feira, 21 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
16h – Mesa Redonda “Desapagamento dos arquivos palestinos”
com Carol Almeida e Maria Ganem
18h – Sessão (71’) | 18 anos
Amanhã, de novo [Tomorrow, again]
Mona Benyamin, 11’, 2023, Palestina
Recorrências Perpétuas [Perpetual Recurrences]
Reem Shilleh, 60’, 2016, Palestina, Dinamarca, Japão, França, Itália, Líbano, Bélgica, Países Baixos, Alemanha Ocidental
Quarta-feira, 21 de agosto – Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – FEBF Duque de Caxias
19h – A sensação de ser observada [The feeling of being watched]
Sessão Comentada – com Gyssele Mendes
Assia Boundaoui, 87’, 2018, Estados Unidos | 12 anos
Quinta-feira, 22 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
15h – Crianças de Shatila [Children of Shatila]
Sessão com Audiodescrição
Mai Masri, 45’, 1998, Palestina, Líbano | 10 anos
16h30 – Sessão de curtas-metragens (48’) | 16 anos
Sessão comentada – com as curadoras Analu Bambirra e Carol Almeida
Sessão com audiodescrição, legenda descritiva e comentários com intérprete de LIBRAS
Gaza Elétrica [Electrical Gaza]
Rosalind Nashashibi, 18’, 2015, Reino Unido
Mahdi Amel – O modo colonial de produção [Mahdi Amel – The Colonial Mode of Production]
Mary Jirmanus Saba, 14’, 2024, Sem país de produção
Vibrações de Gaza [Vibrations from Gaza]
Rehab Nazzal, 16’, 2023, Palestina Canadá
19h – Sessão de curtas-metragens (55’) | 14 anos
Sessão com legenda descritiva
Uma pedra atirada [A Stone’s Throw]
Razan AlSalah, 40’, 2024, Canadá, Palestina, Líbano
Canada Park [Canada Park]
Razan AlSalah, 8’, 2020, Canadá, Palestina
Seu pai nasceu com 100 anos, assim como a Nakba
[Your father was born 100 years old, and so was the Nakba]
Razan AlSalah, 7’, 2017, Palestina
Sexta-feira, 23 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
17h – Fronteiras entre Sonhos e Medos [Frontiers of Dreams and Fears]
Mai Masri, 56’, 2001, Palestina, Estados Unidos | 10 anos
18h – Quatro mulheres do Egito [Four Women of Egypt]
Tahani Rached, 90’, 1997, Canadá | 12 anos
Sexta-feira, 23 de agosto – Gomeia Galpão Criativo – Duque de Caxias
19h30 – Sessão de curtas-metragens (55’) | 14 anos
Sessão comentada – com Razan AlSalah – com legenda descritiva e comentários em transmissão ao vivo com a diretora com intérprete de LIBRAS
Uma pedra atirada [A Stone’s Throw]
Razan AlSalah, 40’, 2024, Canadá, Palestina, Líbano
Canada Park [Canada Park]
Razan AlSalah, 8’, 2020, Canadá, Palestina
Seu pai nasceu com 100 anos, assim como a Nakba
[Your father was born 100 years old, and so was the Nakba]
Razan AlSalah, 7’, 2017, Palestina
Sábado, 24 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
14h30 – Sessão de curtas-metragens (50’) | 14 anos
Nossos cantos estavam prontos para todas as guerras [Our Songs Were Ready for all Wars to Come]
Noor Abed, 22’, 2021, Palestina
O Protesto silencioso: Jerusalém 1929 [The Silent Protest: Jerusalem 1929]
Mahasen Nasser-Eldin, 20’, 2019, Palestina
Legendas para imagens roubadas [Subtitles for Stolen Pictures]
Rheim Alkadhi, 8’, 2007, Iraque, Estados Unidos
16h – Mesa redonda “A guerra normalizada: o dia a dia na Palestina e a midiatização da guerra”
com Giovanna Monteiro-Macedo e Vinícius Pedreira Barbosa da Silva
18h – Sessão de curtas-metragens (81’) | 14 anos
sessão comentada – com Nour Ouayda
Capital [Capital]
Basma al-Sharif, 17’, 2023, Egito, Alemanha, Itália
O jardim secreto [The Secret Garden]
Nour Ouayda, 27’, 2023, Líbano
Permanecer no que já não há [To Remain in the no Longer]
Joyce Joumaa, 37’, 2023, Canadá, Líbano
Sábado, 24 de agosto – Gomeia Galpão Criativo – Duque de Caxias
19h30 – Sessão de curtas-metragens (48’) | 16 anos
Sessão comentada – com Daniele Abilas – sessão com legenda descritiva e comentários com intérprete de LIBRAS
Gaza Elétrica [Electrical Gaza]
Rosalind Nashashibi, 18’, 2015, Reino Unido
Mahdi Amel – O modo colonial de produção [Mahdi Amel – The Colonial Mode of Production]
Mary Jirmanus Saba, 14’, 2024, Sem país de produção
Vibrações de Gaza [Vibrations from Gaza]
Rehab Nazzal, 16’, 2023, Palestina Canadá
Domingo, 25 de agosto – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro – CCBB RJ
16h30 – Mar Roxo [Purple Sea]
Amel Alzakout, Khaled Abdulwahed, 67’, 2020, Alemanha | 16 anos
18h – SESSÃO DE ENCERRAMENTO – Uma vida suspensa [A Suspended Life]
sessão com legenda descritiva
Jocelyne Saab, 90’, 1985, França, Líbano | 12 anos