Dia da Consciência Negra: livros e autores para ler: poesia, imaginação, pesquisa, protagonismo, história e atualidade por quem escreve a cultura brasileira
Há quase 20 anos o Dia da Consciência Negra está presente no calendário brasileiro, inicialmente como data de comemoração escolar, e desde 2011 como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Uma comemoração de memória e reflexão, que recorda a morte do líder do Quilombo dos Palmares, em 1695.
Para saber mais e celebrar essa data, em 20 de novembro conheça livros que ressaltam a importância, ancestralidade, lutas, identidade e arte de grandes escritores nacionais. A lista para leitura tem obras para o público infantil, jovem e adulto. A lista possui grandes clássicos da literatura brasileira publicados pela Global Editora.
Confira a lista completa de livros para ler e refletir no Dia da Consciência Negra:
1 – Zumbi – Joel Rufino dos Santos
Em Zumbi, o historiador Joel Rufin dos Santos narra de forma comovente e analítica a biografia do líder negro, a criação, a resistência e a destruição do Quilombo dos Palmares. “Esta história começou há mais de cem anos. Numa noite qualquer do ano de 1597, quarenta escravos fugiam de um engenho no sul de Pernambuco. Fato corriqueiro. Escravos fugiam o tempo todo de todos os engenhos. O número é que parecia excessivo: quarenta de uma vez. Fora também insólito o que fizeram antes de optar pela fuga coletiva: armados de foices, chuços e cacetes, haviam massacrado a população livre da fazenda.”, conta.
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2 – O presente de Ossanha – Joel Rufino dos Santos
Um presente pode mudar a nossa vida, mas será que pode também transformar o que somos? Modificar o nosso jeito de ser, os sentimentos em relação aos outros ou, principalmente, em relação a nós mesmos? Com linguagem acessível e bastante atenta, o professor e historiador, leva às crianças uma bela história e um pouco do cultural popular brasileiro.
A obra tem ilustrações de Maurício Veneza e recebeu o selo altamente recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Joel Rufino dos Santos conta sobre a escravidão e fala da liberdade. Apresenta uma história, que se passou há mais de cem anos, em um engenho de açúcar, sobre um menino escravizado. “Tinham esquecido o seu nome. Só o chamavam de moleque. Moleque pra cá, moleque pra lá — e tudo o que lhe aconteceu depois de receber um presente do orixá das florestas, Ossanha — filho do criador Olorum, e irmão de Xangô e de Iansã.”, na narrativa da obra.
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3 – A questão do negro na sala de aula – Joel Rufino dos Santos
A partir da premissa de que o Brasil não é uma democracia racial, o objetivo deste livro é expor aspectos e alternativas recalcados da civilização brasileira. Oferecendo ao professor ampla bibliografia da história e da cultura dos negros africanos e brasileiros, traz a necessidade de compreender o Brasil e de ver o brasileiro que somos e devemos ser.
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Sobre Joel Rufino dos Santos – Nasceu no Rio de Janeiro em 1941. Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Historiador e escritor referência no pensamento e na atuação contra o racismo no Brasil. Pela Global Editora tem publicadas obras para crianças e jovens: Ciúme em Céu Azul, Gosto de África — Histórias de Lá e Daqui, O Caçador de Lobisomem, O Presente de Ossanha, Uma Estranha Aventura em Talalai, (com edição em espanhol, Una Extranã Aventura en Talalai). Para adultos tem ainda o ensaio Épuras do Social. Faleceu em 4 de setembro de 2015.
4 – Origens africanas do Brasil contemporâneo – Histórias, línguas, culturas e civilizações – Kabengele Munanga
Um resgate de história e a beleza da África antes da exploração e dominação brutal a que os africanos foram submetidos para justificar e legitimar a sua colonização. Com seus textos e fotos, o autor busca desmontar a imagem que foi imposta a este continente, uma África rude, selvagem e desprovida de humanidade, revelando a sua verdadeira, desconhecida e harmoniosa face.
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5 – O negro no Brasil de hoje – Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes
Para entender “nossa” história e “nossa” identidade é preciso começar pelo estudo de todas as suas matrizes culturais. Os autores Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes tentam contar um pouco da história esquecida dos povos africanos que ajudaram a construir o Brasil em que vivemos, um país que pertence a todos os brasileiros sem nenhuma distinção.
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Sobre Kabengele Munanga: Nasceu em 1942, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), naturalizando-se brasileiro aos 43 anos. Professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, onde se doutorou em 1977, realiza pesquisas nas áreas de Antropologia Africana e Antropologia da População Afro-Brasileira. Escreveu, entre outras obras, Negritude: usos e sentidos (1986) e Estratégias e Políticas de combate à discriminação racial (1996).
Sobre Nilma Lino Gomes: Natural de Belo Horizonte, MG. Doutora em Antropologia Social-USP. Professora da Faculdade de Educação da UFMG e coordenadora do Programa Ações Afirmativas na UFMG. Desenvolve pesquisas nas áreas de Educação e movimentos sociais, educação, Relações étnico-raciais e de gênero, formação de professores para a diversidade étnico-racial; etnografia e educação.
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6 – No Brasil ainda tem gente da minha cor? – Zora Seljan
O livro é o relato instigante das viagens feitas por Zora Seljan pela Nigéria e pelo Benim no início dos anos 1960. Estudiosa do folclore, a autora expõe com argúcia e sabor os detalhes e as dinâmicas de festas, missas, músicas, danças, culinária, enfim, toda uma rede de valores e costumes dos povos dessas regiões que acabaram, de forma fragmentada ou integral, sendo transmitidos ao Brasil. Da mesma maneira, Zora tem o dom de revelar o que esses territórios e suas populações, à primeira vista tão distantes do Brasil, acabaram, também de modo seletivo, incorporando dos brasileiros que lá estiveram. A autora mostra as histórias de vida de povos cuja vitalidade cultural tingiu imensamente o que fomos, o que somos e que podemos vir a ser. Por meio das vivências de uma escritora que soube, como poucos, recolher e revelar os vestígios de histórias e culturas mestiças que ainda hoje são frequentemente silenciadas.
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Sobre Zora Seljan: Nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 7 de dezembro de 1918. Escreveu peças de teatro, romances, crônicas e também atuou como crítica teatral dos jornais O Globo, O Dia e da revista Diretrizes. Foi a primeira jornalista sul-americana a visitar os países da Cortina de Ferro (Rússia e países da antiga União Soviética). Nos anos 1960, residiu na Nigéria, onde lecionou Literatura Brasileira e Portuguesa da Universidade de Lagos. Publicou diversos livros, peças teatrais como Três mulheres de Xangô (1958) e ensaios como No Brasil ainda tem gente da minha cor? (1978).Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de abril de 2006.
7 – Flores de Alvenaria – Sérgio Vaz
Em Flores de alvenaria o autor Sergio Vaz nos lança nas calçadas do subúrbio e descortina um universo muitas vezes invisível por meio de textos, ora em verso, ora em prosa, sobre os mais variados temas: educação, negritude, liberdade, sexo, empatia. Com apresentação do cantor e compositor Chico César, a obra traz diálogos, relembra a situação da periferia em outras épocas e conta com poemas que costumam ser declamados na Cooperifa, evento criado pelo poeta que transformou um bar de Taboão da Serra em um evento cultural. Essencial para o Dia da Consciência Negra
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Sobre Sérgio Vaz: É considerado o poeta da periferia. Mora em Taboão da Serra (Grande São Paulo) e, além de escrever, é agitador cultural nas periferias do Brasil. É criador da Cooperifa(Cooperativa Cultural da Periferia) e um dos criadores do Sarau da Cooperifa — movimento que transformou um bar da periferia da zona sul de São Paulo em um centro cultural. Promove o encontro de leitores e escritores, além de divulgar a poesia nas escolas. Pela Global Editora, publicou as obras: “Colecionador de Pedras”, “Literatura, pão e poesia” e “Flores de Alvenaria”.
8- Casa-grande & Senzala – Gilberto Freyre
Em 1933, após exaustiva pesquisa, Gilberto Freyre publica Casa-grande & senzala, que revolucionou os estudos no Brasil, tanto pela novidade dos conceitos quanto pela qualidade literária. Passados quase 90 anos, continua sendo um clássico da nossa literatura, mostrando, com beleza e vigor, a formação do povo brasileiro pela mistura de raças e culturas
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9 – Sobrados e mucambos – Gilberto Freyre
Sobrados e Mucambos é um livro essencial para o Dia da Consciência Negra. Com prefácio de Roberto DaMatta, é um atestado de como o estudo clássico de Gilberto Freyre sobre a decadência do patriarcado rural e o desenvolvimento do urbano continua atual, instigante e insuperável.
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Sobre Gilberto Freyre: Nasceu no Recife, Pernambuco, em 15 de março de 1900. É considerado um dos maiores intelectuais e intérpretes da formação histórico-social brasileira. Estudou nos Estados Unidos, onde se formou Bacharel em Artes Liberais pela Universidade de Baylor, em 1920, e Mestre em Artes pela Universidade de Columbia, em 1922. Autor de Casa-Grande & Senzala (1933), obra seminal da historiografia brasileira. Freyre foi deputado federal pela União Democrática Nacional (UDN) entre 1946 e 1950, período em que criou o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, atual Fundação Joaquim Nabuco. Lecionou em universidades europeias e norte-americanas, e teve vários de seus livros traduzidos para diversos idiomas. Faleceu em sua cidade natal, em 18 de julho de 1987. Apesar de muitas vezes cancelado, ele ainda possui um pensamento bastante importante para pensar no dia da Consciência Negra
10 – O negro no mundo dos brancos – Florestan Fernandes
O negro no mundo dos brancos estuda a situação do negro e do mulato na sociedade brasileira, vista a partir de São Paulo. Centrado na preocupação com a supremacia da “raça branca” e o controle do poder que ela exerce em nossa sociedade, o livro ajuda a avaliar a situação real do negro na sociedade brasileira.
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Sobre Florestan Fernandes: Nasceu em São Paulo, em 1920 e faleceu em 1995. Foi professor catedrático na cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Consagrou-se com um dos maiores estudiosos da realidade social do país e engajou-se politicamente em movimentos sociais. Responsável pela consolidação da sociologia crítica no Brasil, produziu trabalhos de fundamental importância acerca dos principais problemas brasileiros.
12 – Made in Africa – Luís da Câmara Cascudo
Em viagem de estudos pela África, Luís da Câmara Cascudo constatou as imensas afinidades espirituais, culturais e mágicas que unem o continente negro ao Brasil. Nascia aí Made in Africa, levantamento e interpretação dos motivos brasileiros que vivem na África e dos elementos africanos que permanecem no cotidiano do brasileiro.
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Sobre Câmara Cascudo: Um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia no Brasil, viveu quase toda a sua vida no Rio Grande do Norte. Lia, recebia visitas e escrevia muito. Em suas viagens, fazia amigos e ouvia histórias. Trocava correspondências com bastante frequência. Como historiador, enriqueceu a sua obra com pesquisas sobre o homem no Brasil, deixando um precioso legado repleto de referências da sabedoria popular e da cultura brasileira. Cascudo trabalhou até os seus últimos anos de vida, tendo sido agraciado com dezenas de honrarias e prêmios. Morreu aos 87 anos. Até hoje, a sua obra é preservada e divulgada por meio do Instituto Câmara Cascudo (Ludovicus), que mantém o acervo do autor na mesma casa em que ele residiu por cerca de 40 anos na cidade de Natal.
E aí, gostou da lista de livros para o dia da Consciência Negra?