Johnathan Bertsch é um escritor-náufrago. Ou um náufrago-escritor? Não se pode saber. Poeta e membro imortal da Academia de Letras do Brasil Seccional Jaraguá do Sul, o autor lançou Não preciso falar de amor em 2015. Agora está agora lançando pela NotaTerapia Editora seu mais novo livro de poesia Um Copo de Cianureto. A poesia para ele é, ao mesmo tempo, a salvação e o suicídio: um tiro para o fim na busca de alguma salvação. Em seus poemas, a força da poesia, na busca do amor, de alguém, de um nome (do que mesmo?) tem a mesma força de uma certeza, bastante segura, de que estas palavras não podem, sequer salvar.
O NotaTerapia fez uma breve entrevista com o autor. Confira:
N – Vejo que Um Copo de Cianureto é o livro de alguém que se afoga, de que encontra no copo sua única saída, mas que, ao mesmo tempo, também encontra nos pequenos instantes da vida algumas outras saídas. Seria, então, para você o mundo uma espécie de grande copo de cianureto?
JB -Não deixa de ser. A vida, como no livro Um Copo de Cianureto, são feitos de escolhas. Oras simples, oras difíceis, mas ainda assim escolhas. Nessa geração que posta diariamente nas redes sociais o quão são “felizes”, na qual medos e angústias não são aceitas, esse livro é um “Rivotril” para as mentes mais passivas ao conhecimento e a solidez dos sentimentos. Somos humanos, não príncipes, muito bem lembrado no Poema em linha reta de Fernando Pessoa.
N – A sua poesia parece estar num abismo de linguagem, quase que em um momento limite em que ela quase para de significar e passa a simplesmente ser uma espécie de sensação. O que seria, em Um Copo de Cianureto, essa sensação? Porque caminhos ela passa a ter se tornar palavra?
JB – Esse sempre foi o meu intuito; Causar, dividir e relatar sensações. Fugindo dos estereótipos literários, mais conhecidos como “best-sellers de aeroporto”, a minha poesia não é convencional, um pouco excêntrica e muito egocêntrica. Desse modo ela me completa. Primeiramente sinto, vivencio e sufoco meus sentimentos, e como consequência, vão parar no papel.