Estava escuro. Era escuro. Anne Frank tinha dificuldade em escrever seu diário no esconderijo de sua família, no Anexo Secreto, localizado no canal Prinsengracht, nº 263, em Amsterdã. Mas mesmo assim, ela anotava o que podia, o que lembrava, o que ainda restava anotar.
Não era um diário, na verdade. Era caderno de autógrafos que virara diário. Depois desse, mais dois diários viriam, além de mais de 360 folhas soltas. Muita história para contar. A vida inteira poderia caber em pequenos blocos de papel anotados a caneta ou lápis. No fundo desta história, entanto, haveria a denúncia, a prisão e o campo de concentração. Os horrores do Holocausto que nunca chegam ao fim.
Mas neste instante em que uma menina anota sua vida, sua adolescência, seus sonhos, seu futuro, mesmo de um quarto escuro, mesmo com todo medo da guerra, mesmo assim estamos diante de uma história de esperança. Uma história que, na linha seguinte, pode mudar. Uma vida que pode florir.
Uma vida que, embora todos saibam o trágico final em que termina, vale a pena pelo instante em que uma menina – qualquer uma – anota seus sonhos em um papel. Hoje Anne Frank faria aniversário.
Crônicas Visuais #1: Um dia na vida de Anne Frank
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