[Entrevista realizada por Guilherme Carmona]
Para quem olha de fora, Inri Cristo – o Emissário do Pai – parece não andar em relações muito amistosas com a realidade. Eu não esperaria uma reação diferente a um homem, no mínimo, excêntrico. No entanto, desqualificar o discurso de alguém baseado em sua excentricidade é uma premissa intolerante e pode nos fazer ignorar ideias sensatas ou, no mínimo, polêmicas. Como, por exemplo, que dogmas como a religião apenas nos afastam de Deus, e que o Natal é uma mentira, um ritual pagão que Roma incorporou ao Cristianismo. Afinal de contas, O Natal é uma data poderosa, carregada de simbolismos e implicações sociais. Não por acaso, diversos são os casos de pessoas que se sentem deprimidas ou solitárias no Natal, ao mesmo tempo em que outras veem nele um momento espiritualmente sublime.
Há um ano realizei junto a pacientes do CAPS e do CREAD de minha cidade uma série de discussões sobre o significado do Natal, o que resultou numa pequena publicação impressa. A figura escolhida para ser nosso entrevistado foi ninguém menos que Inri Cristo. Confira nosso papo:
O capitalismo de alguma forma nos afastou da fé?
INRI CRISTO: “O capitalismo, o comunismo, o marxismo ou outros “ismos” jamais conseguem afastar alguém da fé verdadeira, da fé emanada da conscientização da Divina Providência, de DEUS. O capitalismo e os outros “ismos” só conseguem açambarcar, dominar, aprisionar os incautos, os que ainda estão rastejando, enquanto os livres-pensadores, os que amam a liberdade consciencial, não se deixam manipular, açambarcar, aprisionar por ideologia alguma.”
Como o homem que busca a elevação espiritual deve se portar diante dos prazeres materiais?
INRI CRISTO: “O ser humano que busca a elevação espiritual desfruta, usufrui os prazeres materiais racionalmente, quando pode, sem se deixar contagiar, escravizar. Já o néscio, o ser rastejante, se deslumbra, se envolve, se escraviza, e depois de decepcionado, frustrado, arrasado, tarde demais percebe que os prazeres vãos não lhe preenchem, nem podem preencher. Porque a matéria, os prazeres materiais são todos transitórios, e o ser elevado espiritualmente tem consciência do Eterno, de que a eternidade é que conta, e que estamos todos aqui só de passagem”.
INRI, como você se posiciona em relação ao Natal?
INRI CRISTO: “O Natal é uma invenção humana, porque há dois mil anos não foi nesta data que reencarnei. De acordo com os Anais da História, no intuito de atrair adeptos ao Cristianismo, entre os séculos III e IV os usurpadores de minha antiga igreja, mentores da proscrita igreja romana, adaptaram muitas cerimônias e crenças pagãs aos rituais cristãos, dentre as quais incluiu-se a festa do Natalis Sollis Invicti, celebrada em 25/12. Era uma festa de idolatria ao Sol no culto de Mitra, portanto nada tinha a ver com o nascimento de Cristo. Para mim o Natal sempre foi uma data muito triste, e assim é também para muitos, pois além de ser uma data comercial, os pobres são humilhados pelos ricos, sentem-se deprimidos face à incapacidade de atender ao pedido de um filho. Não tenho nada contra os ricos nem contra a riqueza material; já constatei muitos exemplos de pessoas bem intencionadas, movidas por sublimes sentimentos, que fazem obras de caridade. Mas de nada adianta tampar o sol com a peneira; os pobres continuarão pobres, as desigualdades sociais continuarão existindo. A realidade é cruel, salta aos olhos, e eu vivo com os pés no chão.”
Por quê algumas pessoas se sentem infelizes no Natal?
INRI CRISTO: “Elas se sentem infelizes quando percebem à sua volta que seus pares estão enganados, escravizados ao engodo dogmático, e então ficam decepcionadas em ver como caminha a humanidade”.
O que é/quem é Deus?
INRI CRISTO: “DEUS, meu PAI, é o Supremo CRIADOR, único Ser incriado, único eterno, único Ser digno de adoração e veneração, onisciente, onipotente, onipresente, único SENHOR do Universo. Sendo DEUS onipresente, Ele vivifica cada célula de vosso corpo e cada partícula de vosso sangue. Se não podeis esquivar-vos dEle nem mesmo quando cometeis um pecado, um delito, tampouco careceis de alguém para religar-vos com Ele. Logo, religião, quando não um equívoco, é um embuste. Sou coerente com o que ensinei há dois mil anos e minhas palavras valem para sempre: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, ora ao teu PAI Celeste. E o teu PAI, que vê o que se passa em segredo, te abençoa” (Mateus c.6 v.6). Não mandei ninguém ir à igreja.”