Homem com homem: Poesia homoerótica brasileira no século XXI
“O primeiro homem descobriu ao seu lado um outro homem e
sentiu seu corpo transtornado por um frêmito inexplicável.”
João Silvério Trevisan
Homem com homem, prefácio, p.22
Catulo, Abu Nuwas, Kafávis, Pasolini… A tradição enfileira poetas imensos que se dedicaram ao amor, ao corpo e aos encontros homoeróticos. No Brasil contemporâneo, outros nomes vêm despontando, rompendo com paradigmas, vergonhas e receios de um passado não tão distante, quando expor a orientação sexual e escrever de forma cifrada ou no sigilo era algo temerário.
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Homem com homem, antologia organizada por Ricardo Domeneck e publicada pela Editora Ercolano, reúne essa poesia diversa em estilos e linguagens do nosso primeiro quarto de século XXI. Nascidos entre 1969 e 2000, em diferentes regiões do país, os 21 poetas convidados a publicar sua lírica nestas páginas conferem voz ao desejo em seus múltiplos matizes, com ironia e contemplação filosófica.
João Silvério Trevisan escreve, em um prefácio saboroso e emocionado, que “o primeiro homem descobriu ao seu lado outro homem e sentiu seu corpo transtornado por um frêmito inexplicável”. Assim, em uma verdadeira incursão pelo imemorial universo homoerótico masculino, revela-se ao leitor desses poemas a união carnal de dois corpos (ou até mais, por que não?) que se desejam. Uma cópula que desemboca no divino, uno e único.
Em consonância com a diversidade que a antologia propõe, a edição traz retratos, polaroides, ilustrações e assemblages dos fotógrafos Paul Mecky (Alemanha), Eugen Braeunig (Alemanha), Lucas Bihler (França), Nino Cais (Brasil) e Marcelo Amorim (Brasil), que ilustram a sensualidade e o lirismo desse universo de beleza, perigo, encantamento e transgressão.
Em Homem com homem, o homoerotismo é tratado não apenas como tema literário, observa Guilherme de Assis no posfácio, mas como experiência e vivência que atravessa o corpo — e a cabeça do poeta, geradora de certa textualidade. No atual contexto sociopolítico, em que os direitos LGBTI+ ainda são contestados e revogados em muitos países, o desejo sobrevém como ato de resistência e celebração.
O que resta, então, senão ousar cantar, à brasileira, os desejos entre homens? Que esses poemas sejam resistência a outra manifestação de desejo, esta sim perversa: o cio do fascismo.
Com as devidas vênias, enfim, cabe agora ao leitor desvelar esta antologia no mesmo ritmo, natural e humano, do desejo que pervade o homem, devagar e ativo, invasivo e ousado: que se desvele o cantar dos poetas que, nas palavras de Ricardo Domeneck, pertencem à sua “laia”.
Poetas que participaram da Antologia:
Renato Negrão
Eleazar Carrias
Ricardo Domeneck
Rafael Mantovani
Marcio Junqueira
Régis Mikail
Moisés Alves
Ismar Tirelli Neto
Maykson Cardoso
Otávio Campos
Rafael Amorim
Matheus Guménin Barreto
Thiago Gallego
Francisco Mallmann
Marcos Samuel Costa
Victor Squella
Leonam Cunha
Eduardo Valmobida
Caetano Romão
Alan Cardoso da Silva
Wallace Prado
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