Para Michel Alcoforado, , sociedade, país, cidade, bairro e até uma família. Ele acredita que “nós somos produto dos contextos culturais nos quais vivemos, mas também somos agentes da invenção e da transformação da cultura.” Diante dessa missão, Alcoforado vem trazendo reflexões sobre a sociedade em forma de crônicas, de 2018 e 2023, as quais foram publicadas no UOL. Ao longo de cinco anos, sua coluna traduziu acontecimentos ao redor do mundo de forma acessível e mostrou como funcionam culturas tão diferentes como a brasileira e a coreana, a europeia e a indiana, e agora os textos serão reunidos no livro De tédio ninguém morre, a ser lançado pela editora Telha em 16 de setembro.
Dividida em cinco capítulos, a obra não está em ordem cronológica e, sim, por temas: O acelerador de partículas culturais (como foi a reação ao vírus e pandemia da Covid), A consolidação da tecnocultura (como a vida digital influencia uma sociedade), Mapas culturais (como certos acontecimentos traduzem a vida de cada país), Das gerações (analisa os diferentes comportamentos e como eles se retro influenciam) e Operação da diferença (analisa as diferencias de classes sociais e a cultura de cada um).
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Michel Alcoforado nasceu no Rio de Janeiro em 1986. Doutor em Antropologia Social, nos últimos anos, tem se dedicado a pesquisar o cotidiano das elites brasileiras, o impacto da cultura no consumo e as transformações impostas pela tecnologia sobre as formas de viver. Com compromisso de levar a Antropologia para além dos muros da Universidade, é criador e apresentador do podcast É tudo culpa da cultura e do CaosCast, comentarista da Rádio CBN e atua como consultor de grandes empresas.
Confira abaixo um trecho da obra:
“Dentro da lógica hierárquica da sociedade brasileira, pautada na oferta de privilégios mil aos já privilegiados e mais exclusão aos excluídos, a compra de um pacote de serviços de luxo para o parto é um ato de amor — pelo menos, do ponto de vista desses pais. Com esse berço de ouro inventado, as crianças já dão seus primeiros passos na marcação da distinção.
Aos que acham o comportamento estapafúrdio, aviso que parto humanizado na banheira de casa, com ajuda da doula e uma equipe de fotografia a registrar a garra ancestral da mãe e o comprometimento do pai tatuado e barbudo também são a invenção de um berço para os recém-chegados. Nos dois lados, na maternidade de santo de luxo ou no parto da doula milagrosa, há muito de Brasil do nosso nascimento até a morte.
Repito: aqui, é preciso dar tudo a quem tudo terá — do primeiro ao último dia de vida.”
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