Um livro pra chamar de meu: a vida de uma leitora

De uma conversa despretensiosa entre duas leitoras surge a pergunta: “se você pudesse escolher só um livro, qual seria?” A resposta? Eu já tenho.

Foram anos martelando essa mesma pergunta na minha cabeça. E se eu fosse presa, qual livro iria levar para o presídio? E num apocalipse zumbi, qual livro eu ia querer ter para esquecer que poderia virar comida? Problemas financeiros, tenho que vender todos os meus livros, qual seria o único que eu iria manter? Muitas hipotéticas situações para a mesma resposta.

O Rei Midas foi o primeiro livro que eu ganhei na minha vida. Lembro da minha mãe chegando com ele nas mãos, depois de ter ido no centro da cidade fazer alguma compra, e eu estava toda animada esperando. Afinal, eu iria ganhar um livro. O MEU PRIMEIRO. Seis anos de idade e todos ao meu redor já sabiam que eu ia ser uma ótima leitora.

Daí para frente, foi uma avalanche de livros. A coleção Vaga-lume entrou no meu sangue. Narizinho e Emília viraram minhas melhores amigas. E as adaptações dos clássicos? Machado de Assis, José de Alencar, Júlio Verne e ele, Victor Hugo. Os Miseráveis me acompanhou desde criança. Li o livro completo quando tinha maturidade suficiente, vi adaptações em formato de séries, filmes… Foi único musical no teatro que eu vi na minha vida. Seria, ele, o eleito?

Também tiveram os livros da adolescência e da juventude. Eu, uma jovem muito romântica, li todos os best-sellers da época: Crepúsculo, Jogos Vorazes, Fallen e o O Diário da Princesa. Inclusive, eu fiz minha tia, que trabalhava em uma empresa de impressão, imprimir todos os livros de Mia Thermopolis para mim. Pirataria pura, mas eu não tinha condições de comprar. Tudo o que lia era praticamente emprestado ou de bibliotecas.

Mas meu pai, ainda na adolescência, me sugeriu um livro diferente: Se houver amanhã. Não sei se ele se lembrava de todas as cenas fortes e picantes que tem nesse livro, mas foi ali que eu conheci Sidney Sheldon, me apaixonei e comecei a adentrar em um novo mundo na literatura. Me inscrevi na sessão de adulto da biblioteca para pegar todos os livros escritos por Sheldon e acabei me esbaldando com outras descobertas: Agatha Christie, Arthur Conan Doyle e os clássicos, brasileiros e estrangeiros.

No ensino médio, eu já era uma leitora voraz. Ganhei até um certificado, porque eu fui a aluna que mais pegou emprestado livros no ano na biblioteca da escola. Eu lia de tudo. Me apaixonei por Senhora, de José de Alencar, e chorei lendo O caçador de pipas, de Khaled Hosseini. Fui dos clássicos aos best-sellers, dos juvenis aos adultos.

Mas, no limbo entre adolescência e juventude, eu vi um filme: As Crônicas de Nárnia: O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. E ali eu me encontrei, naquele mundo. Descobri toda a coleção e li e reli. Inclusive, foi meu presente de Natal na época, o compilado de todas as setes crônicas.

E é esse o livro que eu chamo de meu. Na verdade, livros, no plural. Uma coleção que me traz paz, me faz feliz e me diverte. Já adulta comprei a coleção inteira em capa dura, porque eu precisava, era uma necessidade básica. Uma leitura despretenciosa e afetiva.

Foram muitos os livros que passaram e continuam na minha vida. E eu tenho certeza, na sua também. Posso mudar o meu livro no futuro? Ah, posso sim… E eu quero, porque ainda desejo ler e ser surpreendida por muitos autores.

Mas, para encerrar, surge a pergunta. E você? Qual livro você chama de seu?

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