O Rinoceronte, do Eugène Ionesco, é uma das maiores peças de teatro de todos os tempos. Ionesco é um dos nomes do chamado teatro do absurdo na França, ali pela metade do século XX. A peça é sobre, basicamente, uma epidemia de rinocerontismo que ataca a cidade: do nada, as pessoas começam a virar rinocerontes. Uma personagem, Bérenger, que aparece em outras peças do Ionesco, se recusa a ceder à onda que acomete a todos que estão próximos a ele. A sensação é que, diante dos rinocerontes, se tornaria mais fácil virar rinoceronte do que ir de encontro ao movimento rinocerontista.
O NotaTerapia separou as melhores frases da peça:
Não me habituo com a vida.
Eu sinto a cada instante o meu corpo, como se ele fosse de chumbo, ou como se carregasse um outro homem nas costas. Ainda não me habituei comigo mesmo. Eu não sei se eu sou eu. Mas basta eu beber um pouco, o fardo desaparece e me reconheço, e me torno eu mesmo.
Os mortos são mais numerosos do que os vivos. O número deles aumenta e os vivos são raros.
A natureza tem as suas leis. A moral é antinatural.
E não se deve levar muito a sério os originais. A média é que conta.
Se isso tivesse acontecido fora daqui, num outro país, e eu tivesse tomado conhecimento pelos jornais, poderia discutir calmamente sobre o assunto, estudá-lo sob todos os seus aspectos e tirar objetivamente todas as conclusões. Organizaríamos debates acadêmicos, faríamos vir sábios, escritores, juristas, mulheres sábias, artistas. E também gente do povo, para tornar o assunto mais interessante, apaixonante, instrutivo. Mas quando você mesmo foi tomado de perto pelos acontecimentos, quando você, de repente, foi posto diante da realidade brutal dos fatos, não se pode deixar de se sentir atingido diretamente. A surpresa é violenta demais para mantermos o sangue frio. Por mim, estou surpreso, surpreso, surpreso. Não me conformo!
Os bons sujeitos dão bons rinocerontes. E é porque eles são de boa-fé que, infelizmente, podem ser enganados!
A culpabilização é um sintoma perigoso; é sinal de que não há pureza.
Leia também: Se eu fosse Iracema: o teatro como potência na defesa das comunidades indígenas
![Vida e Obra] Eugène Ionesco – Portal dos Atores | Atores da Depressão](https://atoresdadepressao.files.wordpress.com/2017/11/eugene_ionesco.jpg)