Com tantas acusações xenofóbicas (racistas, misóginas e homofóbicas) de grandes líderes mundiais, é sempre bom lembrar do trabalho de grandes escritores africanos, do Haiti, de El Salvador e outros lugares em situações complicadas, lugares marcados pela pobreza e desigualdade social.
Aqui estão alguns de romances, memórias e poesias de autores dos países que nosso presidente e seu coleguinha americano tanto desprezam, e que como escritores, leitores e seres humanos, todos nós estaríamos intelectualmente mais pobres pela falta dessas vozes.
Adeus, Haiti de Edwidge Danticat
Edwidge Danticat é autora haitiano-americana, indicada duas vezes ao National Book Award e vencedora do prêmio National Book Critic Circle. Escreveu já inúmeros romances, contos, ensaios, memórias e até mesmo um livro de imagens, aparentemente não há nada que essa mulher não possa escrever. Adeus, Haiti fala sobre a diáspora de um país abalado por guerras e tragédias naturais, relações familiares, sobre vida e morte. Seu trabalho mais recente, The Art of Death, abordam esses últimos aspectos, é tanto uma memória pessoal da morte de sua mãe e uma investigação filosófica das representações da morte na literatura; e infelizmente ainda não foi traduzido para português.
Aqui Estão os Sonhadores de Imbolo Mbue
O romance de estreia de Mbue acompanha as dificuldades de um casal transplantado de Camarões para Nova York durante a Grande Recessão. É uma história que nos mostra a importância da imigração nos Estados Unidos e como o país é construído em cima disso.
Americanah de Chimamanda Ngozi Adichie
Adichie é uma escritora nigeriana que se fez tanto como romancista, como ensaísta, escrevendo sobre o feminismo. Seu best-seller Americanah lida com a maneira que a imigração pode mexer com a identidade; seus personagens nigerianos, transplantados para os EUA e Reino Unido, descobrem que o novo contexto deles muda a forma como são vistos e como pensam sobre si mesmos.
Carrying Knowledge Up a Palm Tree de Taban lo Liyong
Taban não tem um livro sequer traduzido para o português. O escritor é o primeiro africano a se formar no Iowa Writers Workshop, ele tem há muito tempo criticado o colonialismo ininterrupto dos ingleses. Sua coleção de poesia Carrying Knowledge Up a Palm Tree envolve algumas de suas ideias sobre a história intelectual africana.
O caminho de casa de Yaa Giasi
O romance conta a história das desventuras de Effia e Esi, meia-irmãs que nascem em vidas muito diferentes no século 18 em Gana. Esi é vendido como escrava enquanto Effia é casada com um escravista britânico. Ao traçar a origem de suas famílias ao longo de gerações, Gyasi retrata a história global da escravidão, que se reflete num nível profundamente pessoal.
Precisamos de novos nomes de NoViolet Bulawayo
A aclamada estreia de Bulawayo é uma história de amadurecimento (coming of age) que acompanha Darling, de 10 anos, do Zimbábue até a vida adulta no meio-oeste dos Estados Unidos. O romance foi indicado para o Booker Prize e o Guardian First Book Award.
Teaching My Mother How to Give Birth de Warsan Shire
Shire é uma escritora, poeta, editora e professora Somali, criada em Londres. Ela recebeu o prêmio de poesia africana da Universidade de Brunel, escolhida entre os seis candidatos finalistas de um total de 655 inscrições. Infelizmente, este é outro exemplar de livro que não foi traduzido para o português. A poesia de Shire é acessível e precisa, fácil de ler e difícil de esquecer.
Insensatez de Horacio Castellanos Moya
Outro livro que possui apenas exemplares em inglês e espanhol, no entanto, Horacio escreve de maneira simples e sincera cheia de adjetivos: é um romance horripilante, emocional e obscuramente engraçado sobre… edição. Sim, a questão da história se centra num escritor que, como Horacio, vive em exílio político (Castellanos Moya, de El Salvador, escritor sem nome de um país latino-americano sem nome). O escritor é encarregado de editar um documento da Igreja Católica detalhando os abusos dos direitos humanos do regime militar e se perde em loucura em “um sonho febril”.