Documentário narra o legado de uma das maiores escultoras brasileiras

Mulher à frente de seu tempo, a mineira Maria Martins (1894-1973), hoje é reconhecida como uma das maiores escultoras brasileiras ligadas ao movimento surrealista. O documentário Maria: não esqueça que eu venho dos trópicos, de Francisco C. Martins, lançado ano passado, relata a trajetória da artista.
Em 1920, distante dos padrões tradicionais da época e alvo de polêmica, separou-se do historiador Otávio Tarquínio de Sousa para casar-se com o diplomata Carlos Martins. Na Bélgica, um dos lugares que o casal residiu, Maria começou a fazer aulas com orientação do escultor Oscar Jespers. Já em Nova Yorque, estudou com Jacques Lipchitz, realizando trabalhos em bronze. Nesse período, destacaram-se temas com referência à natureza, mitos e tradições brasileiras e obras como Não te esqueças que eu venho dos trópicos (1942), Cobra grande (1943) e Sem eco (1943).
Dentre os nomes de artistas que conheceu em exposições, está o do francês Marcel Duchamp. Os dois mantiveram mútua colaboração no desenvolvimento dos seus trabalhos, além de uma relação que ultrapassou os limites artísticos. As cartas de Duchamp a Maria, entre 1946 e 1969, foram reunidas no livro Étant Donnés.
Na década de 50, participou da Bienal de São Paulo, premiada com A soma dos nossos dias, e colaborou na formação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, entretanto foi no exterior que teve maior destaque e consolidou sua produção artística.
É considerada a primeira escultora brasileira a retratar a sexualidade a partir da perspectiva feminina, enfatizando o desejo e a sensualidade. Suas obras pouco convencionais como figuras antropomórficas com tentáculos, deformações e formas desproporcionais revelam toda a ousadia da artista. Seus trabalhos estão espalhados em museus de diversos países.
No documentário, a vida de Maria Martins é reconstituída por meio de entrevistas com estudiosos de arte, leitura de livros, cartas, depoimentos, fotos e imagens das obras, evidenciando o seu talento e a liberdade com que circulava no meio artístico, fato incomum para época. Ainda revela o contato da escultora com outros grandes nomes da arte como Carmen Miranda, Frida Kahlo e Picasso.

O NotaTerapia selecionou algumas obras da artista:

 

Sem eco, 1945


 

O implacável, 1944


 

Cobra Grande, 1943


 

O impossível, 1940


 

Não te esqueças que eu venho dos trópicos, 1945


 

A soma de nossos dias, 1954/55


 
Confira o trailer do documentário:

 
Fontes: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/10/1927441-documentario-conta-trajetoria-da-escultora-brasileira-maria-martins.shtml
https://www.escritoriodearte.com/artista/maria-martins
 

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