A adolescência pode ser um período complicado para muitos, são diversas mudanças marcantes, uma época de transição que pode ser bem assustadora por si só. Agora imagine ainda passar por esse período de transição – em que sua personalidade está em construção, sua auto-estima ainda instável e seu corpo em constante transformação – com todos que o cercam o perseguindo como se sua rotina fosse o período da inquisição e você fosse um eterno condenado. Isso é uma simples comparação ainda por demais abstrata do que as vítimas de bullying sofrem nas escolas, perseguições cruéis e constantes que podem deixar marcas para a vida toda. Para algumas pessoas, essa perseguição pode levar a depressão e até mesmo auto-mutilação. Foi isso o que aconteceu com a brilhante autora do livro Entrecortes: A história que ninguém gostaria de contar. A jovem Anastácia Ottoni mergulha em suas memórias nesta narrativa confessional e lírica, revelando um mundo de dor que ninguém quer ver, mas que existe e é constante pelo mundo todo. Um mundo repleto de bullying, depressão, automutilação e crises de pânico e ansiedade.
O livro é um dinâmico relato nu e cru do que se passa na mente de uma jovem que é perseguida e condenada por ser diferente, por ser ela mesma, o que acaba a levando a sofrer de depressão. É admirável acompanhar as linhas melancólicas de Ottoni revelando tempos traumáticos e observar que ao mesmo tempo em que narra sobre tais tristes ocorridos, ela mostra sua superação e nos guia a uma luz no fim do túnel que é sua escrita brilhante e única, pois através das palavras ela exorciza seus demônios, tornando dor em arte. Mostrando que alguém que passa por bullying e depressão pode superar isso tudo e transformar tal experiência em linhas imponentes como as que formam este livro, Ottoni torna-se um exemplo para sua geração e as seguintes, redefinindo o sentido de escrever: seu livro é sua mensagem na garrafa, e tal mensagem tem a capacidade de transformar vidas.
A narrativa ajuda a lembrar a muitos jovens que passam ou que infelizmente ainda passarão por situações semelhantes que eles não estão sozinhos no mundo, por mais sozinhos que se sintam em suas escolas ou até mesmo em suas casas. Por mais isolados ou excluídos que se sintam nos círculos sociais que frequentam, Entrecortes lembra que ninguém está sozinho por completo. Anastácia nos lembra que o passado não nos define, mas que as cicatrizes, sejam elas físicas ou psicológicas, são partes de quem somos e podemos fazer o melhor para tornar positivo aquilo que nos forma; a escrita é a forma como pode-se transformar dor em uma marca no mundo, em uma arte que fará uma diferença positiva em outras vidas, podendo até mesmo salvar vidas.
A narrativa de Ottoni mostra que é preciso lutar muito para ser quem realmente somos, pois ser diferente (ou se sentir diferente) não é e jamais será um problema, muito pelo contrário, é motivo de orgulho. O que essa esplêndida narrativa nos lembra é que tais dores, por mais fortes que sejam, são superáveis, e, citando Ottoni, que todo indivíduo é capaz de fazer tudo aquilo que lhe parece impossível, pois a vida pode ser não sofrer.
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