Já é de conhecimento de muitos o que é e como funciona o sistema prisional brasileiro: falido, violador de direitos e sem nenhuma condição real de cumprir o que se propõe a fazer (“ressocializar” aqueles que cometeram crimes), a prisão brasileira – como qualquer outra – é eficaz somente para excluir e punir uma parcela bastante particular da população.
Mas o que vêm à sua mente quando pensa na palavra “prisão”? Homens. Em nossas mentes, o que aparece quando pensamos em presos, prisões e criminosos são homens. As prisões femininas, assim, ficam esquecidas e as mulheres que lá estão, por sua vez, são duplamente punidas: por um lado, punidas com a pena de prisão por terem cometido crimes. Por outro, punidas com a desgraça de terem transgredido as normas de gênero – pois não é esperado, muito menos razoável, que uma mulher seja ligada à figura de criminosa e não de boa mãe, delicada e cuidadora.
Por esta razão, as mulheres presas são duplamente invisíveis. Por isso, selecionamos quatro livros brasileiros que retratam um pouco destas vidas esquecidas, que só existem quando lembradas:
1- Cadeia: relatos sobre mulheres, de Débora Diniz
A antropóloga e professora da UnB Débora Diniz conta, neste livro, histórias que ouviu na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, quando fez sua pesquisa no núcleo de saúde da instituição. Lá, ela ouviu as vidas das internas e as intervenções da equipe de saúde, composta por uma psicóloga, uma psiquiatra e um assistente social.
2- Presos que menstruam, de Nana Queiroz
Neste livro, a jornalista Nana Queiroz traça um panorama das experiências vividas por estas mulheres que, no sistema prisional, são tratadas como homens.
3- Prisioneiras: vida e violência atrás das grades, de Barbara Musumeci Soares e Iara Ilgenfritz da Silva
As autoras mostram, neste livro, como é a vida das mulheres presas no estado do Rio de Janeiro. Narrando minuciosamente sua chegada na prisão, as intervenções feitas e a dinâmica da instituição, até mesmo o leitor que nunca esteve numa prisão consegue imaginar-se em uma.
4- Auri, a anfitriã: memórias do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa, de Aline Moura e Bárbara Almeida
As jornalistas cearenses Aline Moura e Bárbara Almeida contam, aqui, as histórias de quatro internas da única penitenciária feminina do Estado do Ceará. O livro resultou de um trabalho de conclusão de curso da Universidade Federal do Ceará (UFC).