O que você faria se os moradores do seu prédio decidissem se reunir e receber visitas de desconhecidos durante os primeiros dias da pandemia da COVID-19 em 2020?
Provavelmente, você não se importaria e até consideraria se juntar a eles. Ou teria um surto como o ex-roqueiro famoso Michel, protagonista da noveleta Edifício Alvorada, de Tullio Dias. Na trama, Michel descobre que os moradores do seu condomínio decidiram fazer o culto que vai curar a COVID-19 e decide impedir que uma tragédia maior aconteça.
Escrito exatamente nas primeiras duas semanas de pandemia, em março de 2020, e publicado um ano depois de forma independente direto pela Amazon, a obra marca não apenas a estreia de Dias no universo da ficção, como também um posicionamento cínico, ácido e extremamente politicamente incorreto, mirando em tudo e todos.
A narrativa é ágil e rápida de ler. Tanta crueza pode causar sentimentos desconfortáveis nos leitores mais sensíveis ou ansiosos, como relata o autor.
“No processo de finalização e teste da obra, alguns leitores beta interromperam a leitura porque era tudo muito próximo da realidade e ficaram com crise de ansiedade”, diz.
O autor mineiro completa: “Não é a minha intenção falar da pandemia de forma leve e sem querer apontar o dedo para os responsáveis. Se fosse para agradar, escreveria histórias de almoços familiares de Natal. Quero escrever para incomodar. Se alguém falar que não conseguiu ler a história porque se sentiu mal, vou me sentir feliz porque alcancei o objetivo.”.
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Apesar de breve, Edifício Alvorada é recheado de palavrões, acusações, delírios sexuais e críticas ferozes ao fanatismo religioso e político tão fortes no país atualmente. O estilo rendeu até comparações com o famoso Bukowski, cujo estilo literário era baseado na mistura de whisky, sexo e autodepreciação. Para Dias, essa comparação só é boa se ajudar a divulgar o livro.
“Eu não sou tão babaca quanto ele. E muito menos tão talentoso. Mas a raiva e frustração que sinto, me deram algo a dizer e compartilhar com o mundo, então se for para alcançar mais pessoas, tenho aqui a história que Bukowski escreveria se vivesse a pandemia da COVID-19 e falasse ‘uai’.”
Quer saber como os primeiros dias da pandemia de Covid-19 foi retratada em Edifício Alvorada? O livro está disponível para download e leitura exclusivamente pela Amazon. Para comprar, acesse:
https://www.amazon.com.br/gp/product/B08WNRXG2F/ref=dbs_a_def_rwt_bibl_vppi_i0
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