[Publicado em Revista Ecos da Paz e R7]
O guarani é uma das línguas indígenas mais faladas no mundo inteiro. Com mais de 7 milhões, a língua nativa da América do Sul, assim como as suas variações, são faladas na Argentina, no Brasil, na Bolívia e no Paraguai. Nesses dois últimos, o guarani é uma das línguas oficiais do país e é falada também por não-indígenas.
No caso específico do Paraguai, o guarani e o castelhano são as línguas oficiais, sendo o dialeto indígena a mais falada no país.
Como uma importante legitimação do bilinguismo no Paraguai, o guarani ganhou em 2018 a sua primeira gramática oficial, elaborada pela Academia da Língua Guarani (ALG). Trata-se de um documento que reúne todas as versões particulares publicadas desde 1640, que incluem os trabalhos de 74 autores contemporâneos. Todo esse processo durou dois anos e oito meses.
A titular da Secretaria de Políticas Linguísticas (SPL), Ladislaa Alcaraz, classificou a apresentação do livro, realizada no Congresso de Assunção, como um acontecimento histórico que é um marco no processo de normalização do uso do guarani pelo governo.
A versão final da gramática foi feita a partir da média das diferentes correntes linguísticas, trazendo descrições sobre sintaxes e morfologia corretas da língua guarani, além de advertir sobre falsas comparações com o castelhano. Essas falsas comparações se devem à natureza da língua espanhola, que conta sufixos, prefixos, flexão de palavras, enquanto o guarani é um idioma aglutinador.
Em novembro de 2015, a Academia aprovou o alfabeto guarani composto por 33 fonemas e outros tantos grafemas, que inclui 12 vogais, entre elas as vogais nasais próprias do idioma, assim como dígrafos característicos como mb, nd, ng o nt, e duplas consonantes como rr.
Desde 2010, com a promulgação da “Lei de línguas”, todos os documentos emitidos pela administração pública no Paraguai devem ser traduzidos para o guarani.