Imagina se você fizesse uma ligação e alguém declamasse um poema?
Até o dia 15 de março, é possível escutar um poema recitado por algum artista, pesquisador, escritor ou poeta. Nessa versão, 54 pessoas gravaram poemas que podem ser ouvidos de forma aleatória discando gratuitamente o número 0800-01-76362 de qualquer lugar do Brasil. Para quem está no exterior, o número é +55 11 5039 1344.
O acervo conta com poemas de Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, Conceição Evaristo, entre outros. No total, são 181 gravações em português e em línguas indígenas. Arnaldo Antunes, Maria Bethânia, Gregório Duvivier, Marília Garcia, Ana Martins Marques, Eucanaã Ferraz, Fabrício Corsaletti são algumas vozes que participam do projeto.
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“O foco da curadoria e, consequentemente, a seleção dos convidados, buscou investigar como vozes contemporâneas de diferentes origens, influências, regiões, gerações e estilos imaginam e reinventam um tema caro a Giorno, o erotismo – e, por extensão, a linguagem e a performance sonora.” (site do projeto)
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Projeto “Dial-A-Poem” (‘Disque um poema’)
Idealizado e fundado pelo poeta estadunidense John Giorno no final dos anos 1960, Dial-A-Poem já teve edições na França e no México, mas essa é a primeira vez em um país da América do Sul.
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Ao observar artistas que estenderam suas práticas visuais para outros meios, Giorno resolveu reunir 10 telefones e secretárias eletrônicas de tamanho industrial e concretizou a sua ideia de que a poesia não deveria ser apenas lida, mas também ouvida.
Inicialmente, começou com um número reduzido de participantes. Em 1970, o projeto aumentou, passando de 35 para 55 pessoas, e contava com cerca de 700 gravações entre poemas, mantras budistas e até discursos dos Panteras Negras. Após um ano, o projeto foi descontinuado e investigado pelo FBI com a justificativa de se tratar de algo subversivo. O projeto retornou, anos mais tarde, ao Museu de Arte Moderna de Nova York, em exposições programadas, com o intuito de aproximar o público da poesia. Atualmente, o acervo possui 293 gravações realizadas por 135 pessoas ao redor do mundo.
Exposição
No Brasil, o projeto, lançado pela Coleção Moraes-Barbosa em parceria com a Vivo, conta com a curadoria de Marcela Vieira, cofundadora da instituição de arte digital aarea.co. Paralelamente, o Dial-A-Poem também ocupa um espaço na exposição “Sit in My Heart and Smile”(Sente-se no meu coração e sorria), em Higienópolis, em São Paulo. No local, é possível saber mais sobre a obra de Giorno e conferir na íntegra os poemas gravados. A programação é gratuita e fica disponível para visitação até o dia 15 de março.