Nascido em 1809, o escritor americano Edgar Allan Poe segue relevante nos dias de hoje? Pensemos em alguns de seus mais célebres escritos para responder a esta questão.
Em “O Coração Denunciador”, Poe trabalha com um narrador não confiável, que mata um velho e jura ouvir as batidas do coração do cadáver atormentando-o.
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Em “William Wilson”, o protagonista é perseguido por seu duplo, que julga e condena suas atitudes desonestas.
Em “O Demônio da Perversidade”, temos uma reflexão sobre o porquê de agirmos contra os nossos próprios interesses, inclusive chegando ao ápice da autossabotagem.
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Pode-se pensar que, em sua literatura, Poe explorou muitos dos demônios que habitam a psiquê humana, isso antes mesmo de a psicanálise os explorar cientificamente. Portanto, por questionar e explorar conflitos universais, Poe segue sendo atual mesmo após 200 anos.
Também há muitos outros motivos que justificam o quão atuais são os seus temas: por exemplo, o conto “A Máscara da Morte Rubra” foi muito comentado recentemente em veículos da mídia, por sua história se assemelhar ao que vivenciamos durante a pandemia, em que uma praga mata boa parte da população, enquanto Príncipe Próspero esbanja riquezas em seu reino, acreditando ser imune ao horror que assola a população.
Seu mais famoso poema, “O Corvo” trata de melancolia, de luto e solidão, também questões universais e atemporais, e o faz não de maneira que se esqueça facilmente, mas através de uma estrutura marcante.
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Aliás, a estrutura de suas obras também é um dos grandes motivos que a tornam relevante mesmo após séculos: Poe é um arquiteto da ficção, pois defende, no ensaio “A Filosofia da Composição”, que sua escrita é pensada como um problema matemático, e que, antes de escrever, ele acredita ser necessário definir o tom, o tema, o tamanho da obra, e principalmente o efeito a ser criado.
Tudo na obra de Poe gira em torno da criação de um efeito, o que segue influenciando muito do que se produz em literatura atualmente, e muito provavelmente continuará a influenciar pelos tempos que seguem. “Nunca mais”, para Poe, é apenas um verso, pois ele segue imortal.