Em ‘O Engenheiro da Morte’, romance histórico do escritor e cineasta Marcio Pitliuk mostra que os soldados da SS, que organizavam as filas nas câmaras de gás, eram o último elo da corrente assassina
Sem a colaboração direta da alta sociedade da Alemanha nazista, nos anos 30 e 40 do século 20, o Holocausto não teria acontecido. Esta é a premissa do romance histórico “O Engenheiro da Morte – a Participação da Elite alemã no Holocausto” (Editora Vestígio), o mais novo livro de Marcio Pitliuk, escritor, cineasta e um dos maiores especialistas no país sobre o tema.
A obra trata de um assunto pouco conhecido: o envolvimento direto de industriais, empresários, engenheiros, arquitetos, banqueiros, médicos, advogados, em síntese, de grande parte da elite alemã no maior genocídio da História Contemporânea. O único propósito dessas pessoas, segundo o autor, foi enriquecer e aumentar os lucros para suas empresas, como Volkswagen, Siemens, Oetker, Deutsche Bank, BMW, Krupp, entre outras ainda hoje na lista das mais valiosas do mundo.
A narrativa fictícia, com fatos reais e personagens muito bem construídos, é a história do jovem e ambicioso engenheiro Carl Farben. Em 1941, quando os alemães começam a construir os campos de extermínio, ele muda a fórmula de um inseticida para torná-lo mortal aos seres humanos. Assim, desenvolve o gás Taifun B para dizimar os judeus. Incentivado pela esposa, Farben conquista fortuna e sucesso durante a guerra, mesmo às custas do genocídio causado pelo seu produto. Com a rendição da Alemanha, o casal consegue documentos falsos e foge para o Brasil. No entanto, a caça aos nazistas continua mesmo após o conflito militar global.
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O livro é um thriller envolvente, desde o primeiro capítulo, com as revelações do autor sobre o Holocausto ou Shoah (calamidade) para os judeus; o assassinato de seis milhões de judeus, crianças, adultos e idosos, e também homossexuais, ciganos, opositores políticos, deficientes físicos e mentais e testemunhas de Jeová.
“Os soldados da Schutzstaffel, a SS, que organizavam as filas nas câmaras de gás, eram o último elo da corrente assassina”, diz Pitliuk. “Os militares administraram os campos de concentração, mas para construí-los foram necessários arquitetos, engenheiros e mão de obra especializada, além de muitos recursos financeiros. Para produzir o gás Zyklon B, um pesticida da Bayer (ainda existem latas com o logotipo) reformulado para ser um gás letal em humanos, os nazistas precisaram de químicos e uma fábrica, bem como de metalúrgicas para as cercas de arame farpado. Era um grande negócio com corrupção generalizada e engajamento da elite alemã”, relata Pitliuk.
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Dinheiro para a indústria do genocídio da Alemanha nazista não era problema. No livro, o autor conta como se dava o financiamento dos campos de concentração. O Deutsche Bank emprestou altos valores ao regime do Terceiro Reich, e quem pagou literalmente essa conta foram os judeus. A elite alemã, com o apoio do regime nazista, confiscou tudo dos judeus: economias, casas, joias, obras de arte, empresas, indústrias, enfim, tudo que estava ao seu alcance.
“Até a vitória soviética na Batalha de Stalingrado, em fevereiro de 1943, o padrão de vida da população da Alemanha Nazista era muito alto. O suborno era disseminado em um regime totalitário, criminoso e amoral”, menciona Pitliuk.
Parte do que era roubado dos judeus era destinado à população da Alemanha e outra reservada para construir os campos em Auschwitz-Birkenau, Dachau, Majdanek e outros. Mesmo depois de assassinados, os judeus eram mercadorias para grande lucro dos nazistas.
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Sobre o autor:
Marcio Pitliuk é um dos maiores especialistas brasileiros no assunto Holocausto e, desde 2008, se dedica a divulgar o que é considerado o maior crime da Humanidade no século passado. É diretor no Brasil do Yad Vashem, o mais importante centro de pesquisas e ensino do Holocausto, sediado em Jerusalém, curador do Memorial do Holocausto de São Paulo e membro acadêmico do StandWithUs Brasil. Sobre esse tema, faz palestras, realizou três longas-metragens e escreveu outros quatro livros: “O homem que venceu Hitler” (romance histórico), “A alpinista: sexo e corrupção na Alemanha Nazista” (romance histórico) e “Sobreviventes – Volumes I e II” (com Luiz Rampazzo).
Serviço: “O Engenheiro da Morte – a Participação da Elite Alemã no Holocausto” (Editora Vestígio), 256 páginas.
Preço: R$ 64,90 (livro físico) e R$ 45,90 e-book.
Lançamento: dia 18 de abril, a partir das 18h, na livraria da Vila Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. A data coincide com o Yom HaShoá, dia da memória, quando os judeus do mundo todo recordam o Holocausto.