A exposição Cinzas da Floresta, inaugurada em setembro, ficará até o dia 30 de outubro na Passagem Literária da Consolação, em São Paulo. A destruição das florestas brasileiras é o tema da mostra. Estão reunidas mais de 200 obras de 152 artistas de 11 estados brasileiros.
O artivista Mundano e sua equipe coletaram cinzas de queimadas de quatro biomas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, durante uma expedição por mais de 10 mil Km pelo Brasil em 2021. O material é empregado na pintura das obras.
Os recursos arrecadados com a venda das obras serão destinados para a estruturação e o apoio da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias.
“Esta exposição é uma denúncia com a floresta em pó e um grito pela floresta em pé!”, salientou Mundano.
A abertura do evento ocorreu no dia 30 de setembro com a exibição do documentário Cinzas da Floresta, dirigido por André D’elia, que acompanhou e registrou a expedição em 2021. O filme destaca a importância das brigadas voluntárias de combate a incêndios florestais.
“O objetivo sempre foi chamar atenção para o problema do fogo, sobretudo na Amazônia, que é um bioma que não queima naturalmente, somente pela ação do homem” […] A gente descobriu que o poder público não atua no combate a esses crimes ambientais porque não quer. Pois existem tecnologias e ferramentas disponíveis para se fazer valer o cumprimento da legislação ambiental”, ressaltou o diretor.
Projeto contínuo
Em abril, Mundano já havia feito uma homenagem aos brigadistas voluntários com um enorme mural denominado “O Brigadista da Floresta”, em São Paulo. Ele é uma releitura da obra “O Lavrador de café”, de Cândido Portinari e utiliza as cinzas coletadas na expedição. Confira a matéria AQUI.
O excedente das cinzas foi aproveitado e distribuído para os artistas de todo o Brasil, resultando, então, na reunião das obras da exposição.
AFolego, um dos artistas que participa da exposição, relatou: “Eu senti muita tristeza ao usar as cinzas, imaginar que são vidas carbonizadas pela ação humana. Pensei muito nas pessoas que vivem, dependem e protegem as florestas. Pensei em como nosso modo de vida está em desequilíbrio com a natureza”.
Vale lembrar que, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve um crescimento de 150% nos focos de incêndio na Amazônia, que saltaram de 15.624 em 2021 para 39.128 em 2022. Além disso, a Amazônia acumula em 2022 (até setembro) o maior número de focos de queimadas dos últimos 12 anos. E, conforme o MapBiomas, em agosto foram 1.699.993 hectares queimados na Amazônia, 1.190.352 hectares no Cerrado, 47.401 hectares na Mata Atlântica e 19.867 hectares no Pantanal.
Confira o vídeo do processo de criação da obra O Brigadista da Floresta, de Mundano: