Caetano Veloso chega aos 80 anos na vanguarda da arte e ganha reedição de obra “Folha Explica” pela Fósforo
Artista polêmico e camaleônico, Caetano Veloso é uma das mais complexas personalidades da cultura brasileira. Presente em praticamente todas as discussões que envolvem o contexto sociopolítico e cultural do país, o cantor e compositor chega aos oitenta anos produzindo e participando ativamente do debate nacional. Assim, Caetano, mais do que nunca, está conectado com o que há de mais atual e vanguardista no cenário brasileiro.
Este ensaio é uma reedição do Folha Explica: Caetano Veloso (PubliFolha, 2005). Ele foi revisto e atualizado por Guilherme Wisnik, analisa com acuidade obras do músico lançadas até hoje. O autor, em uma “ambição original um pouco quixotesca de ‘explicar’ Caetano”, entrelaça seu perfil biográfico e intelectual. Além disso, procura dar ao estudo um aprofundado aspecto de tudo que envolvem todos os discos. Wisnik vai dos momentos históricos em que estão inseridos, das relações de Caetano com outros músicos nacionais e estrangeiros. E, claro, do respeito que ganhou do público ao longo das décadas. Mas não é só isso.
Primeiro, vai do exílio na ditadura militar às querelas envolvendo a lei Rouanet no governo Bolsonaro. Posteriormente, mostra que Caetano sempre se fez ouvir tanto por meio de sua música quanto por sua opinião. E em todos os momentos foi polêmico, assertivo e contraditório: tudo o que se espera de um artista plural.
Por fim, pode se dizer que Lançar mundos no mundo apresenta um vaivém no tempo, formalizando no ensaio o que faz o artista na vida. Assim, é capaz de adequar suas convicções, sem se apegar aos modismos. Wisnik tenta dar conta da complexidade da obra de Caetano que cruza “a mesma estrada em que o tempo brinca ao redor do caminho de um menino […] Estrada do tempo, que se volta sempre para o agora.” Mas esse é um agora urgentemente aberto, onde múltiplos mundos coexistem, diz ele.
Este livro é uma homenagem à existência dessa figura que se confunde com o Brasil e retrata as contradições que fazem dele vários mundos em um mundo.
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Caetano Veloso: 80 anos na vanguarda
[…] parece evidente que o moralismo reacionário que saiu do armário nos anos recentes representou uma reação às conquistas sociais e simbólicas […], um backlash. Mas não apenas. Os “palhaços líderes” que “brotaram macabros”, tanto no Império quanto em “seus vastos quintais” — como mostra agudamente Caetano em “Anjos tronchos”, de seu último disco (Meu coco, 2021) —, são emanações de um mundo novo e complexo. Um mundo que conferiu demasiado poder à internet e seus algoritmos, instaurando um regime de vigilância, de ódio e de cancelamentos violentos e arbitrários, e que recrudesceu politicamente após muitos movimentos de contestação política aparentemente progressistas, como as primaveras árabes. Vivemos hoje em meio a esse nebuloso imbróglio. E Caetano Veloso é, mais uma vez, já no raiar dos seus oitenta anos, um dos artistas brasileiros que mais se mostra capaz de entender e traduzir tais complexidades. — Guilherme Wisnik
Sobre o autor:
Nascido em São Paulo, em 1972, Guilherme Wisnik é arquiteto, ensaísta, compositor, e professor livre-docente na fau-usp. Autor de livros como Lucio Costa (Cosac Naify, 2001), Estado crítico: à deriva nas cidades (Publifolha, 2009) e Dentro do nevoeiro: arquitetura, arte e tecnologia contemporâneas (Ubu, 2018). Foi curador geral da 10a Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013) e recebeu o Prêmio Destaque 2018 da Associação Brasileira de Críticos de Arte (abca) em 2019.
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Ficha Técnica
Título: Lançar mundos no mundo: Caetano Veloso e o Brasil
Autor: Guilherme Wisnik
Capa: Elaine Ramos
Formato: 13,4 x 20 cm
Número de Páginas: 208
ISBN: 978-65-89733-72-0
Preço: R$69,90
ISBN e-book: 978-65-89733-94-2
Lançamento: 05/08/2022
Editora: Fósforo