Você já ouviu falar do massacre de Tulsa? Pois agora ele virou um livro. Entre 31 de maio e primeiro de junho de 1921, um número ainda hoje desconhecido de moradores negros do próspero distrito de Tulsa foi executado e enterrado em valas comuns por cidadãos brancos. O ataque sem precedentes contra civis negros contou com a conivência da polícia local, ocupada apenas em proteger as casas que faziam parte do cinturão branco nas cercanias do distrito negro de Tulsa. Se isso pode soar desproporcional ao evento, mais ainda foi o seu estopim: a divulgação falaciosa de que um jovem negro havia agredido uma ascensorista branca.
Além da chacina, combinou-se o ataque ao patrimônio dos moradores. Casas, empresas e comércios foram pilhados e incendiados e, enquanto os assassinos avançavam sobre a chamada Wall Street negra, mulheres tentavam fugir e eram vistas “dando à luz antes de chegar a um lugar seguro”, “hospitais de negros […] foram incendiados” e aqueles que escaparam da execução sumária foram obrigados a “marchar com as mãos para cima”, em um franco gesto de humilhação pública. O massacre nunca foi veiculado pela imprensa e, assim como a responsabilização dos agressores, caiu no esquecimento.
Mary documenta as enormes perdas de vidas e a destruição de propriedades através de seus próprios olhos e de outros testemunhos de moradores negros” — The Root
A fim de recuperar essa memória escondida por cem anos, esta coletânea parte do relato de Mary Parrish e apresenta suas entrevistas com os sobreviventes, bem como o posfácio de sua neta, Anneliese M. Bruner. O livro constitui um esforço para dar visibilidade ao massacre, inserindo-o na história dos Estados Unidos e das relações raciais no globo. Embora sejam atravessados por sua época e pela proximidade do evento, os relatos despertam reflexão sobre acontecimentos recentes no mundo, como a insurgência do movimento Black Lives Matter, a invasão do Capitólio em 2020 e até os episódios sistêmicos de racismo no Brasil. Eles transmitem pontos de vista múltiplos, mas guardam em comum uma premissa que faz do livro um antecedente das lutas pelos direitos civis norte-americanos e um marco na história das ideias: o pensamento radical de que as sociedades democráticas devem garantir a universalização dos direitos civis e que o exercício pleno da cidadania não pode ser mediado pela seletividade racial.
O massacre racial de Tulsa, uma história que ninguém pode escrever virando livro!
Veja também: “Pássaros na boca e Sete casas vazias”: Samanta Schweblin entre o incomum, o fantástico e o grotesco
Sobre a autora
Mary E. Jones Parrish nasceu em 1892 em Yazoo City, Mississippi. Mudou-se para Tulsa por volta de 1919 e trabalhou em uma filial da Associação Cristã de Moços ensinando digitação e taquigrafia. Parrish realizou, neste livro, um hábil trabalho jornalístico, além de narrar sua própria experiência de sobreviver ao massacre com sua filha.
Quarta Capa
Um garoto de cor desajeitado pisa no pé de uma ascensorista branca — ela lhe dá um tapa — segue-se uma resposta descortês da parte dele — ele é detido sob a acusação de agressão e ofensa — o jornal omite “e ofensa” — o público pensa em estupro — grupos de brancos agressivos reúnem-se na porta da cadeia — homens de cor, temendo o que geralmente acontece, reúnem-se para evitar um linchamento — um tiro imprudente, irresponsável — e as restrições civilizatórias são deixadas de lado e homens se tornam feras embrutecidas.
Compre o livro aqui!
Ficha Técnica
Título: A Nação Precisa Acordar: Meu Testemunho Do Massacre Racial De Tulsa Em 1921
Autora: Mary E. Jones Parrish
Prefácio: John Hope Franklin
Posfácio: Anneliese M. Bruner
Capa: Luciana Facchini
Formato: 13,5 X 20 Cm
Número de páginas: 152pp
ISBN: 978-65-89733-62-1
Preço: R$59,90
ISBN E-Book: 978-65-89733-85-0
Preço E-book: R$39,90
Data de Livraria: 07/06/2022
Editora: Fósforo