Localizado no Centro Histórico de Manaus, Biatüwi é o primeiro restaurante indígena do Brasil. Inaugurado em novembro de 2020, ele é conhecido também como Casa de Comida e Cultura Indígena. O projeto foi idealizado por três indígenas: João Paulo Barreto e Ivan Barreto, da etnia Tukano, do Alto Rio Negro e Clarinda Maria Ramos, da etnia Sateré-mawé, do Baixo Amazonas.
Aliando cultura e tradição, o objetivo da casa é que o visitante possa conhecer a história e os costumes dos primeiros habitantes do país, degustando seus pratos típicos. O espaço, um casarão antigo, foi cedido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira. Os cômodos são decorados com artesanatos e artefatos indígenas, inclusive, alguns estão disponíveis para a venda.
Logo após a entrada, há um calendário cosmológico que ocupa uma das paredes da peça, demonstrando constelações que regem o tempo e o ciclo da natureza de acordo com as crenças dos povos.
Na outra sala, que abriga duas cadeiras e uma mesa, ocorrem as consultas com o pajé.
Ao fundo, algumas mesas são dispostas para receber o público. No cardápio, não há nada exótico, os pratos ofertados reproduzem fielmente a alimentação dos povos originários. Entre eles estão os peixes, os caldos apimentados e as formigas sahai como acompanhamento. Já entre as bebidas servidas estão o aluá (fermentado de abacaxi), o tarubá (fermentado de mandioca), ou o sapó (guaraná natural ralado na língua do pirarucu).
Outros aspectos importantes são a forma e o preparo dos alimentos que seguem a tradição, assim como algumas técnicas e utensílios específicos também são utilizados. Como, por exemplo, o moquém, que consiste numa grelha de madeira quadrangular de três andares, uma tecnologia nativa de conservação, cocção e defumação, que foi adaptado sob uma coifa ao lado do fogão.
Confira alguns pratos do cardápio:
Peixes enrolados na folha de cacau defumam no moquém:
Mujeca de matrinxã, caldo apimentado engrossado com goma e peixe desfiado acompanhado de fatias de beiju:
Filé de tambaqui puquecado, enrolado na folha de cupuaçu ou de cacau e servido com formigas sahai:
Quinhapira, com peixe mergulhado no caldo apimentado com tucupi preto e sal e peixe puquecado ao lado e farinha ovinha ao fundo:
O único condimento industrializado é o sal, os outros ingredientes e as matérias-primas provêm de comunidades indígenas familiares. Isso favorece a manutenção da relação entre os nativos e reforça a importância da floresta.
Sem luxos ou pratos requintados, o espaço é uma forma de reafirmação da origem indígena e para os visitantes é uma experiência para entrar em contato com a cultura e, em especial, com a comida, pois ela representa o envolvimento com sagrado e está ligada ao fortalecimento e à proteção.