Já são 24 anos desde a indicação ao Oscar por Central do Brasil. Agora veio o ingresso na imortalidade com a entrada na Academia Brasileira de Letras. Mas a verdade é que Fernanda Montenegro já conquistou quase tudo que podia na vida. E isso tem seu lado bom e seu lado ruim.
Esta semana, ela deu uma entrevista para o El País repleta de reflexões, frases e citações de escritores. De Shakespeare, ela lembrou que “enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”. Do dramaturgo espanhol Calderon de la Barca, ela lembrou da frase de que “a vida é sonho.”
Sobre o ofício de atriz, disse:
“Nós, atores e atrizes, vivemos uma espécie de esquizofrenia, de doença que é compreendida, aceita pelo público. E todos viajam conosco no sonho, que só se materializa se houver plateia. Não me refiro à TV, cinema, rádio, ao contato através do eletrônico. Não é isso. Digo das presenças carnificadas de atores e público, dos corpos na vertical, visíveis, do contato presencial entre esses para que a magia e os sonhos se deem.

Sobre a ABL
Ela comentou também sobre sua chegada na ABL e sobre a ideia de que a academia está tentando se tornar mais popular e diversa.
Creio que a ABL esteja buscando abrir as portas para outros públicos quando me elege. Mas não podemos trabalhar com escalonamentos. Sempre haverá interesse de quem supostamente não seria um consumidor da arte considerada erudita. Se colocarmos uma orquestra tocando Mozart na favela haverá plateia. Essas fronteiras só existem porque não há oferta, embora exista demanda “
A entrevista continua incrível. Feita por zoom, é uma das coisas mais lindas que você pode ler hoje.
Dona da cadeira de 17
A grande dama do teatro e do cinema brasileiro, Fernanda Montenegro foi eleita para a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, cadeira que era ocupada anteriormente por Affonso Arinos de Mello Franco. A escolha foi feita quando, em sinal de respeito, como é de praxe, não houve inscritos para a cadeira. A vitória foi anunciada hoje.
Confira a matéria completa no El País aqui!