Durante a sua missão no Afeganistão como fuzileiro do exército britânico, Paul Farthing acabou se deparando com uma realidade complicada no país. Ele via a ocupação de tropas estrangeiras desde 2001, depois da invasão norte-americana na sequência dos atentados de 11 de setembro. Ele era apenas um militar no meio de milhares na região.
Segundo conta o site Nit, foi na pequena cidade de Nawzad que Paul esbarrou com um velho hábito afegão: as lutas de cães. Comovido, interrompeu um destes combates. Um dos cães acabaria por acompanhá-lo nos seis meses seguintes. O militar afeiçoou-se a ele, batizou-o de Nowzad e trouxe-o de volta para casa no final da missão.
“As lutas de cães são, infelizmente, um desporto nacional no Afeganistão. Quando interrompemos a luta, dei por mim a afeiçoar-me ao Nowzad”, explicou à época. “Cada um lida com o stress à sua maneira. Estar com ele [durante a minha missão] foi uma forma de me ajudar a aguentar tudo.”
O fuzileiro amante de animais sentiu-se então inspirado a regressar ao Afeganistão e a criar a Nowzad Dogs, uma organização sem fins lucrativos que tinha por objetivo promover o reencontro entre militares e cães e gatos afegãos com quem criaram laços no terreno. A missão alargou-se e Farthing criou em Cabul o primeiro centro de salvamento animal.

O militar, porém, agora vem sendo criticado por muitos em meios aos relatos de tentativa desesperada de fuga de Cabul, em meio a invasão do Talibã. Depois de várias semanas de apelos, Farthing conseguiu resgatar os cães e gatos que salvara no Afeganistão, trazidos para Inglaterra a bordo de um avião fretado e ocupado por perto de 200 animais. Porém…o avião retornou sem humanos, apenas com animais. Ele alega ter feito tudo sozinho, sem apoio do estado, mas ter tido autorização do governo.
“Fui deixado em Cabul para me safar sozinho, excluído da linha de apoio do Ministério da Defesa. Nem o meu staff nem os animais conseguirão sair daqui”, sublinhou Farthing.
Nas redes sociais, anônimos e celebridades manifestavam-se contra a decisão de trazer um avião apenas com os cães, porém, o governo alega que o transporte dos animais não colocava em risco o resgate de humanos, já que eles seriam transportados na zona de cargas. Sem acesso a aviões militares, Farthing conseguiu ele mesmo fretar um avião, mas só o poderia usar mediante uma autorização militar que deixasse o antigo fuzileiro cruzar os bloqueios feitos pelo exército americano no aeroporto.
O homem pode ser um herói ou um vilão. O mais importante é que, em meio a guerra, ele tomou uma decisão não muito fácil de tomar, sob uma pressão absurda.
Texto de Daniel Vidal, adaptado pelo NotaTerapia
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