A Idade Média foi o período de 1 século que compreendeu a queda do Império Romano no Ocidente e a Idade Moderna. Tendo sido um momento histórico de fortalecimento da Igreja Católica, costuma-se olhar para esse período como deficitário de conhecimento e marcado pelo obscurantismo religioso, que acarretou ainda a perseguição e a execução de muitas mulheres.
Por muito tempo legadas ao espaço do lar, como mães, esposas e filhas, as mulheres sofreram (e sofrem) uma histórica submissão, o que as impediam de exercer profissões e cargos na esfera pública. No entanto, há aquelas mulheres que conseguiram certa autonomia e foram intelectuais de sua época – mesmo que suas conquistas não estejam nos livros de História.

São histórias dessas mulheres que os pesquisadores Marcos Roberto Nunes Costa e Rafael Ferreira Costa compilaram no livro Mulheres intelectuais na Idade Média: entre a medicina, a história, a poesia, a dramaturgia, a filosofia, a teologia e a mística, que conta com mais de 50 perfis, acompanhados de biografia. O livro foi publicado pela Editora Fi, que trabalha com a publicação de obras com acesso livre.
O livro pode ser acessado neste link.
Os perfis são divididos entre as que foram religiosas e/ou defensoras da fé cristã e aquelas, laicas, ligadas às artes liberais.
Dentre as mulheres que seguiram uma vida religiosa, ressalta-se o longo perfil de Hildegard von Bingen, a monja alemã (canonizada em 2012) que foi teóloga, compositora, dramaturga, dentre tantas outras ocupações. Já dentre as personalidades laicas, temos a emblemática Hipátia de Alexandria – matemática, astrônoma e filósofa neoplatônica, dirigente da Escola de Alexandria.

Os autores reivindicam o reconhecimento dessas mulheres na produção intelectual no ocidente, conforme colocam na introdução do livro:
[…] se vasculharmos a construção do Pensamento Ocidental veremos que as mulheres sempre estiveram presentes, contribuindo indireta ou diretamente, seja como sujeito passivo ou ativo desta história. E até é possível identificara presença de algumas delas já nos tempos remotos, na Filosofia Clássica Antiga, por exemplo, passando pela Antiguidade Tardia, pela Patrística (ou Alta Idade Média), pela Escolástica (ou Baixa Idade Média), até alcançarmos o Renascimento.