Camille Claudel (1864-1943) começou a fazer esculturas aos 12 anos. Estudou na Académie Colarossi, poucos lugares abertos a mulheres, com o escultor Alfred Boucher. Logo após, em 1884, chegou à turma de alunos de Auguste Rodin, por indicação de Boucher. Durante muito tempo, a artista viveu à sombra de Rodin, considerado o pai da escultura moderna. Foi sua assistente e musa inspiradora e, mais tarde, os dois mantiveram um relacionamento amoroso. Porém, na época que passou a trabalhar artisticamente, o conservadorismo, determinado pelo machismo e pela desigualdade de gênero na França, impediu que fosse reconhecida como artista, tendo seu trabalho plagiado, além de ser condenada pela sociedade por ser amante. Com temáticas consideradas ousadas para a época, suas esculturas eram mal vistas por terem sido criadas por uma mulher. Mesmo após o rompimento da relação conturbada com Rodin, Camille não conseguiu se desvincular do nome do escultor nem se firmar nesse terreno predominantemente masculino. Após a morte de seu pai, em 1913, a artista foi internada num hospital psiquiátrico de Ville-Évrard, permanecendo até a sua morte em 1943. A reclusão durou 30 anos, embora tenha sido diagnosticada diversas vezes capaz de voltar ao convívio social e familiar.
O museu Camile Claudel foi inaugurado em 2017, na antiga casa da família, na cidade Nogent-sur-Seine, próxima a Paris. Ele conta com 44 trabalhos da escultora, desde sua primeira obra La Vieille Hélène, de 1882, até as últimas em bronze, de 1905. O acervo, no entanto, poderia ser maior, pois muitos trabalhos foram destruídos pela própria artista para que seu antigo mestre não copiasse. A coleção estava guardada pela sobrinha-neta da artista, Reine-Marie Paris, e foi recuperado em 2008 pela diretora do museu, Cécile Bertrand. O museu também abriga 150 trabalhos do século XIX de diversos artistas. Mesmo que tardiamente, foi possível revelar todo o seu talento e ser, finalmente, reconhecida pelo público.
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Fontes:
Revista Cult
Hypeness