Para os que não conhecem a história de Frankenstein, saibam que o nome do livro pode ser tanto do criador Victor Frankenstein, tanto da sua criação, sem nome, mas com um sobrenome adotado por ele mesmo; não chamem, por favor, a “criatura” de monstro.
A história conta a trajetória de um cientista que consegue dar a vida pedaços costurados de cadáveres, ficando então louco com sua criação horrível. Essa história continua a ser uma das maiores de terror, com temas marcantes e repleta de mistério e filosofia. Na lista a seguir vocês podem encontrar as linhas de sutura, os cérebros em formol e os parafusos deste conto bicentenário, que nunca falha em tocar nos nossos medos mais profundos.
1. Frankenstein foi escrito por uma adolescente

A adolescência de Mary Shelley foi agitada. Aos 16 anos, ela fugiu com o poeta Percy Bysshe Shelley. Nos dois anos seguintes, ela deu à luz dois filhos. Em 1816, o casal viajou para a Suíça e visitou Lord Byron na Villa Diodati. Enquanto estava lá, Mary, com 18 anos, começou Frankenstein. Foi publicado só em 1818, quando ela tinha 20 anos de idade.
2. A ideia do romance surgiu de uma brincadeira
Os Shelleys visitaram a Suíça durante o “ano sem verão”. A erupção do Monte Tambora na Indonésia tinha causado graves anomalias climáticas e muita chuva. Preso dentro de uma casa, o grupo leu histórias de fantasmas do livro Fantasmagoriana – uma antologia de contos alemães de terror. Foi então que Lord Byron propôs que eles tivessem uma competição para ver quem poderia criar a melhor história do tipo: Byron, Mary, Percy ou o médico John Polidori.
No final, é claro, Mary venceu a competição, mesmo que os outros não quisessem admitir. Nem Byron, nem Percy terminaram suas histórias, embora Polidori tenha escrito O Vampyro, que mais tarde influenciou Bram Stoker a escrever Drácula.
3. Mary teve a ideia de um sonho
No começo, Mary teve um bloqueio criativo, incapaz de apresentar uma boa ideia para uma história de fantasmas. Então ela teve um sonho lúcido – “Eu não dormia, nem posso dizer que estava consciente”, disse ela. Na introdução da edição de 1831 de Frankenstein, ela descreveu a visão da seguinte forma:
“Eu vi o pálido estudante de artes profanas ajoelhado ao lado da coisa que ele tinha reunido. Eu vi o fantasma hediondo de um homem estendido e, em seguida, através do funcionamento de alguma força, mostrar sinais de vida, e se mexer com um espasmo vital. Terrível, extremamente assustador seria o efeito de qualquer esforço humano na simulação do estupendo mecanismo de Criador do mundo.”
Mary abriu os olhos e percebeu que havia encontrado sua história perfeita. “O que me apavorou, vai aterrorizar aos outros”, pensou ela. Ela começou a escrever na manhã do dia seguinte.
4. Shelley escreveu Frankenstein no luto de uma tragédia
Antes de começar Frankenstein, Mary deu à luz uma filha, Clara, que morreu seis semanas depois (na verdade, apenas um, dos quatro filhos de Mary, viveu até a idade adulta). Logo depois que o bebê morreu, ela escreveu em seu diário: “Sonhei que minha filhinha voltou à vida – que estava fria e que a esfregamos ao fogo e a trouxemos à vida – eu acordei, e agora não vejo bebê – penso no meu pequeno amor o dia todo.”
Essa situação infeliz, assim como o suicídio de sua meia-irmã, deve ter contribuído para o romance.
5. Há um movimento literário e cinematográfico a respeito do nome verdadeiro dos personagens
No romance, Victor Frankenstein é o cientista. O ser criado permanece sem nome e é referido como “monstro”, “criatura”, “demônio” e “isso”. Mas você não cometeu erro algum ao chamar a criação do cientista de Frankenstein. Apesar dos esforços dos apaixonados pela obra em nos dizer que o suposto “monstro” não tem nome, muitos (como o autor desta lista) adotam a filosofia de que a criatura teve sim o poder de, ao menos, pegar o sobrenome de Victor – tendo nenhum primeiro nome, apenas um segundo nome.
6. O romance tem o mesmo nome de um castelo

Mary disse que inventou o nome “Frankenstein”. No entanto, Frankenstein é um nome alemão que significa “Pedra dos Frank”. Além disso, o historiador Radu Florescu afirmou que os Shelleys visitaram o Castelo Frankenstein em uma viagem pelo rio Reno, e lá eles devem ter ouvido sobre um alquimista desequilibrado chamado Konrad Dippel, que morara no castelo. O tal alquimista estava tentando criar um elixir, chamado Óleo de Dippel, que faria as pessoas viverem por mais de cem anos. Como Victor Frankenstein, havia rumores de que Dippel cavava sepulturas e fazia experimentos com os corpos.
7. Muitos acharam que o livro foi escrito pelo marido
Frankenstein foi publicado pela primeira vez anonimamente. Foi dedicado a William Godwin, pai de Mary, e Percy Shelley escreveu o prefácio. Por causa dessas conexões, muitos assumiram que Percy Shelley era o autor. Esse mito continuou mesmo depois que Frankenstein foi reimpresso em nome de Mary. Na verdade, algumas pessoas ainda argumentam que Percy era o autor do livro. Está certo que ele editou o livro e encorajou Mary a expandir a história para um romance maior, dizer que ele é autor é idiotice.
8. No começo, o livro foi duramente criticado
Quando Frankenstein foi lançado em 1818, muitos críticos odiaram. “Que tecido de absurdo horrível e repugnante este trabalho apresenta”, escreveu John Crocker, da revista Quarterly Review. Mas romances góticos eram moda na época, e a moda não liga para a crítica, logo Frankenstein ganhou leitores apaixonados. Em 1823, uma peça intitulada “Presumption; or The Fate of Frankenstein” consagrou a popularidade da história. Em 1831, uma nova versão do livro foi publicada, desta vez sob o nome de Mary Shelley.
9. Frankenstein é considerado a primeira ficção científica
E de maneira justa. Ao escrever seu romance gótico, Shelley estava escrevendo o primeiro grande romance de ficção científica, além de inventar o arquétipo de “cientista louco” e ajudar a estabelecer o que se tornaria o terror no auge de seu exemplar. A influência do livro na cultura pop é tão grande que o termo “frankenstein” entrou na linguagem popular como adjetivo, para significar algo não natural, horrendo, que também pode remeter a algo modificado, algo que “se volta contra o criador”.
Mary continuou escrevendo histórias do gênero, outra ficção científica como o conto de Roger Dodsworth: O inglês reanimado, sobre um homem que foi congelado num bloco de gelo; e o romance O Último Homem, sobre um sobrevivente de um mundo destruído pela peste, ambos em 1826.
10. Thomas Edison fez um filme dele
Em 1910, Thomas Edison fez um filme de 15 minutos de Frankenstein, considerado um dos primeiros filmes de terror da história. Muitos achavam que estivesse perdido, até que foi encontrado nos anos 50.