[por El Ciudadano]
Gregor Samsa, o homem que acordou um dia de sonhos intranquilos transformado em um enorme inseto (ou besouro, ou parasita, ou barata, como já outrora traduzido) é a personagem principal do livro que nasceu em 1915, e completa 100 anos em 2015. E justamente neste momento, retorna um mal-entendido com o título que nomeia sua história, talvez a mais popular de todas as escritas por Franz Kafka.
“Eu traduzi o primeiro livro de contos cujo título é A Transformação, e eu nunca soube por que todas as demais traduções deram o nome de A Metamorfose. É um absurdo. Eu não sei o que levou a essa tradução para a palavra mais simples do alemão”, disse Jorge Luis Borges, em uma entrevista com o jornal El Pais, publicada em 30 de julho de 1983.
Die Verwandlung (título original da obra) é traduzida como transformação. O que aconteceu então?
A primeira versão da história para outro idioma Kafka foi o espanhol, mesmo antes do Francês, Italiano ou Inglês. Esta versão foi publicada em 1925, um ano após a morte do escritor, nos números 24 e 25 Revista de Occidente com uma tradução anônima (José Ortega y Gasset, talvez, foi seu diretor na época), e lá estava a versão para o título: A Metamorfose.
O erro foi sendo repetido em outras traduções em todo o mundo, embora a primeira versão para o Inglês por Edwin e Willa Muir, foi publicada em 1933 como A transformação, assim como explicou Borges para Losada, que, contudo, publicou em Buenos Aires em 1938 sua tradução com título A Metamorfose.
“O editor interpelou Borges e insistiu em deixar o nome como estava porque ele já havia se tornado famoso e era associado a Kafka”. A quem deveríamos culpar por isso? O mercado editorial? Os tradutores? Ou seria mesmo a função do tradutor também inventar a obra?
Fonte: http://www.elciudadano.cl/2015/11/25/234985/234985/
*Tradução e adaptação por Luiz Antonio Ribeiro