A Rua das Ilusões Perdidas, do John Steinbeck é um livro sobre uma rua, a chamada Cannery Row. A rua e as figuras que habitam e passam por ali: o chinês do armazém, o doutor do laboratório, as mulheres do prostíbulo, o pintor que constrói barcos infinitos, os “vagabundos” da casa do alto do morro. O romance, publicado em 1945, logo após o fim da segunda guerra, passa-se durante a Grande Depressão em Monterey, numa rua repleta de fábricas de conserva de sardinha em lata.
O NotaTerapia separou as 6 melhores frases da obra:
Hazel adorava ouvir uma conversa, embora não escutasse as palavras, mas apenas o tom. Fazia perguntas não para ouvir as respostas, mas simplesmente para manter o fluxo da conversa.
Um homem barburdo era sempre um pouco suspeito, em quaisquer circunstâncias. Não se podia dizer que se usava barba porque se gostava. As pessoas não gostavam de quem dizia a verdade. Era mulher dizer que se tinha uma cicatriz e por isso é que não se raspava a barba.
Ninguém jamais estudou a psicologia de um fim de festa. Pode estar no mais aceso, uivando, fervendo, mas de repente parece que baixa uma pequena febre, surge um pequeno silêncio. E no instante seguinte a festa começa a acabar, depressa, bem depressa, os convidados indo pra casa, dormindo no próprio local ou se mandando para outro lugar. E, depois, só resta o silêncio.
É que existem duas reações possíveis ao ostracismo social: ou um homem emerge determinado a ser melhor, mais puro e generoso ou desanda para o mal, desafia o mundo e faz coisas ainda piores. A segunda é a reação mais comum ao estigma social.
Olhe só para eles. Acho que são os verdadeiros filósofos. Mack e os rapazes sabem tudo o que já aconteceu no mundo e provavelmente tudo que acontecerá. Creio que sobrevivem neste mundo em particular melhor que as outras pessoas. Mostram-se relaxados numa época em que as pessoas se consomem de ambição, nervosismo e cobiça. Todos os nossos homens supostamente bem sucedidos são doentes, com estômagos ruins e almas podres. Mas Mack e os rapazes são saudáveis e extremamente puros. Podem fazer tudo o que querem. Podem satisfazer seus apetites sem os chamarem de qualquer outra coisa.
A natureza das festas tem sido imperfeitamente estudadas. Contudo, de um modo geral compreende-se que uma festa possui uma patologia, que é mais ou menos individual e pode se tornar incontrolável. E também se aceita o fato de que, de um modo geral, uma festa dificilmente envereda pelo caminho planejado ou pretendido. É claro que não estamos nos referindo a essas lúgubres festas de escravos, controladas e dominadas com mão de ferro, oferecidas por anfitriãs profissionais que mais se assemelham a ogras. No fundo, não se trata de festas, mas sim de atos e demonstrações, tão espontâneas como a peristalse e tão interessante quanto o seu produto final.
Edição: Rio Gráfica, 1986
Tradução: A. B. Pinheiro de Lemos