“UM POUCO ALÉM” é o disco inteiramente autoral do compositor Rodrigo Parcias que reúne canções escritas ao longo dos últimos anos, um período marcado por mudanças, reflexões e amadurecimento pessoal.

Lançado no final de novembro, o álbum de estreia do compositor Rodrigo Parcias percorre diferentes camadas, mergulhando em temas existenciais, afetivos, nas amizades que sustentam caminhos e nos questionamentos sobre propósito e sentido. Ao longo de 7 faixas, o artista nos revela olhares sensíveis e cuidadosos sobre diversos espectros.
A começar pelos títulos das músicas, que já nos levam para passear, os ambientes e sonoridades não inibem as letras que, ao contrário de alguns albums, nos convidam a prestar atenção aos acordes e ao mergulho.
Senti que Rodrigo nos convida pela terra, nos encanta pelo entre que sobe em nevoeiro, nos mostra o fundo do mar, e nos devolve o ar. “Casa” é o início desta trajetória, que pinta com cuidado gramas molhadas, pincelando orvalho pelas notas das flautas. “Um Pouco Além” que dá nome ao album, nos conta em ritmo prateado sobre as mentiras que contamos a nós mesmos – e que, com certo descuido, podemos até acreditar -, mas que ao encontrar o desejo sincero, se derrete em ruídos nostálgicos.
Ouça o álbum no Spotify:
Assim “Encanto“, single já lançado, começa a pegar nossa mão e conduzir pelo passeio, caminho que trilharemos até o final do álbum, entoando o que tenho chamado de mantra “Se encantar é resistir / e cura tudo o que perdi” (como bem disse à Rodrigo). “Para Ser Gigante” nos devolve o ar antes do mergulho “Há de haver uma força própria para lembrar”, entoada à arranjos de voz e violão inconfundível de Zé Ibarra.
“Interlúdio” é o ponto do mergulho, onde nos aprumamos na pedra para a próxima faixa. Para mim, o olhar de Rodrigo Parcias é contemplado inteiro nesta faixa, onde os sons atravessados pelas vozes abraçam o afeto que sentimos quando vemos os olhos do artista – eu, que pouco o conheço, senti o calor das vozes sobrepostas que aparecem em uníssono – olhar este que atravessa algumas camadas de pele e deságua em “Lugar” que mergulha no fundo, onde de snorkel podemos ver areias se movendo no mais profundo de um mar, ainda onde a luz alcança e que junto com violão e contrabaixo nos apresenta o sol debaixo d’água, a contra posição ao título “Aqui não é lugar de estar” é o que nos lança para a última faixa.
“A Dança” encerra o álbum com toques clássicos e familiares e nos devolve por completo às nuvens, com toque de esperança que sopra junto à lua, e outros ritmos malemolentes: “O (é)ter-no par” (invento), mas “Pensamento vem e eu / Vou lá“, só pode remeter ao vento.
Ditas minhas impressões, corroboro abaixo com o release que Rodrigo me enviou, encerrando o texto com convite para que você escute e sinta por si todas as sensações que o álbum pode evocar. A obra está disponível em todas as plataformas digitais.

O disco apresenta o universo musical de Rodrigo, revelando sua forma de articular poesia, timbres e sutilezas sonoras. O disco conta com participações de músicos de peso como Alberto Continentino (baixo), Zé Ibarra (voz), Dora Morelenbaum (voz e arranjos), Lucas Nunes (guitarra), Gabriel Quinto (violão) e Thomas Harres (bateria), entre outros que ajudam a ampliar a paleta estética do álbum. O resultado é um trabalho que percorre diferentes atmosferas: faixas mais leves e acústicas em contraste com produções mais densas, arranjos maiores e uma instrumentação que se desdobra em camadas, compondo um cenário sonoro que transita entre delicadeza e grandiosidade.
As referências que moldam o disco encontram sua base na MPB, mas fluem naturalmente para o indie e para um pop alternativo mais sensível, criando uma identidade híbrida. Entre as influências mais presentes estão Tim Bernardes, Fleet Foxes e Ana Frango Elétrico.
Como síntese de todo esse percurso criativo, Rodrigo fala sobre o que esse trabalho representa em sua trajetória e no seu modo de existir na música:
“Esse disco representa um pouco de tudo que me fez amar a música ao longo da minha vida. Cada faixa tem um pouco de mim, seja na poesia ou na produção. Fiquei muito feliz de conseguir chegar nesse lugar, e acho que ficou bem bonito. Sinto que as canções por si só já carregam uma força de causar um impacto, e com toda a galera que chegou junto pra fazer esse disco, sinto que essa força só aumentou”.
Sobre Rodrigo Parcias:
Rodrigo é músico, compositor, baixista e violonista. Formando em MPB e Arranjo pela UNIRIO e Licenciatura em Música pela Claretiano, é artista independente e já participou de diferentes projetos musicais, tocando e compondo para musicais, peças de teatro, shows autorais e de outros artistas relevantes como Julia Mestre, Tom Karabachian, Thales Cavalcanti, entre outros. Fez parte da Banda Dônica como baixista e compositor. Atualmente está lançando seu primeiro projeto autoral, o álbum “Um pouco além”.
Ouça o disco no youtube:

