Lançado em 1985, o longa-metragem, dirigido por Suzana Amaral e interpretado pela genial Marcélia Cartaxo, que conquistou o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim, A Hora da Estrela continua a emocionar espectadores ao redor do mundo. O filme conta a história comovente de Macabéa, uma jovem nordestina de 19 anos, semi-analfabeta, que deixa sua terra natal em busca de uma vida melhor no Rio de Janeiro. Com uma narrativa sensível e profunda, a trama retrata as dificuldades, os sonhos e a solidão da personagem, que enfrenta a dura realidade de uma grande cidade, onde luta para se adaptar e sobreviver.
Escrevo sobre o mínimo parco enfeitando-o com púrpura, joias e esplendor. É assim que se escreve? Não, não é acumulando e sim desnudando. Mas tenho medo da nudez, pois ela é a palavra final.
Sem grandes ambições ou sonhos, ela vive de forma mecânica, trabalhando como datilógrafa, até que começa a namorar o sonhador Olímpico (José Dumont). A vida pacata de Macabéa muda a partir do encontro com a cartomante Madame Carlota (Fernanda Montenegro), que enche a jovem de esperanças.

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Retrato de tantos outros relatos da migração nordestina, o longa que adapta o romance homônimo de Clarice Lispector, publicado em 1977, aterrissa em 2025 mais atual do que nunca.
Às vésperas de completar seus 40 anos, em maio de 2024, o filme foi restaurado como parte do projeto Sessão Vitrine Petrobras, que se destaca por levar às salas de cinema obras já consideradas clássicas da cinematografia nacional.
Sobre a Hora da Estrela

Dos monumentos de areia compostos por Clarice Lispector, A Hora da Estrela, talvez seja o mais singelo. Obra pequenina, curta, em que um escritor passa grande parte do tempo se debatendo sobre uma ideia que paira em sua cabeça. Ideia esta que, por sua vez, também é pequenina: a existência da retirante Macabéa, perdida por dentre as veias da cidade grande, ouvindo seu rádio-relógio e a procura de algum encontro, qualquer que seja.
A redenção da moça, enfim, chega, mas o encontro, o verdadeiro encontro, jamais acontece. No final, percebemos que estamos todos fadados a viver a sós com nossos caóticos acasos e que a felicidade é um instrumento meramente estético.