Escritos concomitantemente em 1986, a ficção Olhos azuis cabelos pretos tem como inspiração a relação dramática e peculiar vivida por Marguerite Duras e seu amante homossexual, 38 anos mais jovem, Yann Andrea. Já A puta da costa normanda, de cunho biográfico, revela os bastidores do romance e, justamente, contextualiza as dificuldades de sua escrita impostas pelo companheiro.
Sobre Olhos azuis, cabelos pretos
O romance Olhos azuis, cabelos pretos se desenrola no quarto de uma casa à beira-mar, de onde se ouve o barulho das ondas e se escuta o ruído sensual de transeuntes notívagos. Antes de tudo (ou nada) acontecer, um jovem estrangeiro de olhos azuis enigmáticos e cabelos pretos passa pelo saguão de um hotel e se mistura na multidão.
Já dentro do cômodo, há um casal que se conecta por um desejo peculiar e sem esperanças. O que os une é a falta de alguém que consome seus pensamentos. O homem e a mulher são personagens belos, nus e iluminados pela luz amarela de um lustre que pende do teto. Ela, uma escritora de 18 anos do interior; ele, um jovem que pouco sabe de si. Jogados no chão do quarto e dominados por uma imobilidade que impede a consumação de qualquer relação, eles conversam e lamentam a falta de alguém que exerce um fascínio desmesurado sobre eles.
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Sobre A puta da costa normanda
A puta da costa normanda é um pequeno texto biográfico de Marguerite Duras, escrito concomitantemente a Olhos azuis, cabelos pretos. A escritora está em um hotel em Trouville, de frente para o mar, e escreve as páginas de seu romance na companhia de seu companheiro Yann Andréa. Este último tem a tarefa de digitar o texto em uma máquina de escrever.
A relação dos dois é conturbada. Ouvimos gritos. Yann critica sua amante por seu desejo de escrever, sua vontade inabalável que não deixa espaço para mais nada. Ele a culpa pela falta de sociabilidade, pela falta de vontade de sair e aproveitar a vida. Ao contrário de “Olhos azuis…” este manuscrito é secreto, não dado a Yann para sua digitação. Segundo Duras, quando o livro terminar, não há mais razão para que ele exista como objeto pessoal, podendo ser publicado para testemunhar o que aconteceu durante o tempo de escrita de seu romance.
O livro tem prefácio de Simona Crippa e texto de orelha de Andrea del Fuego
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Sobre a autora
Marguerite Duras, uma das escritoras mais consagradas do mundo francófono, nasceu em 1914 na Indochina – então colônia francesa, hoje Vietnã –, onde seus pais foram tentar a vida como instrutores escolares. A vida na antiga colônia, onde ela passou a infância e a adolescência, marcou profundamente sua memória e influenciou sua obra. Em 1932, aos 18 anos, mudou-se para Paris, onde fez seus estudos em Direito.
Em 1943, publicou seu primeiro romance, Les impudents, iniciando então uma carreira polivalente, publicando romances, peças de teatro, crônicas no jornal Libération, roteiros, e realizando seu próprio cinema. Dentre suas mais de 50 obras estão os consagrados Uma barragem contra o Pacífico, Moderato cantabile, O deslumbramento de Lol V. Stein e O amante (seu best-seller que lhe rendeu o Prêmio Goncourt de 1984 e foi traduzido para dezenas de países). Em 1959, escreveu o roteiro do filme Hiroshima, mon amour, que foi dirigido por Alain Resnais e alcançou grande sucesso.
Especificações técnicas
Título: Olhos azuis cabelos pretos
Autora: Marguerite Duras
Tradutora: Adriana Lisboa
Prefácio: Simona Crippa
Texto de orelha: Andrea del Fuego
Coordenadora da Coleção Marguerite Duras: Luciene Guimarães de Oliveira
ISBN: 978-65-89889-68-7
Categorias: Romance, literatura francesa, Coleção Marguerite Duras
Encadernação: Brochura
Formato: 13 x 19,5 x 1,5 cm
Páginas: 172
Peso: 0,3kg
Edição: 1ª (junho 2023)
Preço de capa: R$ 62,90
Disponível a partir de 22 de junho