A empregada doméstica Maria do Carmo, a Carminha, em foto tirada de sua carteira profissional no ano de 1940. Esta é um registro em 3×4 em abril deste ano que mostra uma solitária imagem agora revelada por Vilma Nascimento, que decidiu escrever sobre a história desta família.
No início de 1942, trabalhando no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca, numa pensão, Carminha conheceu o motorneiro (condutor de bondes) João, que residia na favela Barreira do Vasco.
Dessa relação veio uma gravidez, a qual João resistiu em assumir. Mesmo assim Maria do Carmo foi morar na favela com a família do companheiro, até receber a visita da sua ex-patroa Augusta (dona da pensão onde Carminha trabalhava), que impressionada com as péssimas condições de vida do menino ainda pequeno (não tinha dois de vida) sugeriu que Maria do Carmo retornasse ao seu antigo emprego.
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Contudo, a jovem contraiu tuberculose e temendo que contagiasse o filho, retornou à sua cidade de origem, Juiz de Fora (MG), onde veio a falecer em 1944, com apenas 26 anos de idade. O menino acabou sendo adotado por Lília Silva Campos, filha de dona Augusta, indo residir em Três Pontas (MG). O seu nome é Milton Nascimento, que completou esse ano 80 anos de idade.
Esta história tem tudo para virar livro através das mãos de Vilma. Ainda sem editora, “De Onde Vem Essa Força” narra a saga feminina da família Nascimento, proveniente da cidade colonial mineira Lima Duarte, povoada às margens do Rio do Peixe, e revela o ambiente de pobreza da primeira infância do artista que completa 80 anos nesta quarta, dia 26. No centro das memórias, Maria Antonia, que viveu entre 1900 e 1980, e seus filhos Carminha, Djanira, Tião, Jandira, Alcides, Chiquinha, Ercília, Teresa, Glória e Nair.
“Depois que a mãe faleceu, lembro de Bituca adolescente em Juiz de Fora, com a tia Ercília. Aí ele começou a fazer muito sucesso. Em 1970, no Rio, eu e minha irmã, Vanda, fomos a um show dele no Teatro Santa Rosa e passamos a nos aproximar mais”, conta Vilma, hoje residente em Salvador.