A vagabundagem é um direito perseguido desde sempre, mas em especial no mundo do estado moderno em que pessoas eram classificadas por nacionalidade, gênero, profissão, formação, etc. Assim, o direito a vagabundagem sempre foi algo que precisou ser conquistado, na marra, não sem algumas brutais consequências, ainda que repleta de prazeres. É um pouco sobre isso o livro de Paula Carvalho, “Direito à vagabundagem: as viagens de Isabelle Eberhardt” o livro que retrata a as escritas de uma mulher que viveu como homem e mulher, mas mais que tudo, como quis.
Nesta coletânea de textos da viajante Isabelle Eberhardt, precedida por um ensaio da pesquisadora e organizadora Paula Carvalho, temos a chance de mergulhar na mente dessa personagem que desafiou os limites impostos por sua nacionalidade, seu gênero e seu tempo e de descontaminar nosso olhar das vivências ocidentais, capitalistas, coloniais, sexistas e binárias para compreender a vagabundagem como uma narrativa de experimentação da liberdade.
Conhecer a vida de Eberhardt é uma viagem, seja ela no espaço, no tempo ou pelas mais diversas teorias que rondam sua trajetória. Nascida em 1877 numa família russa radicada na Suíça, Eberhardt viveu em Genebra até o início da vida adulta, quando se mudou para a Argélia. Errante por excelência, perambulou pelo norte do Magrebe africano, descrevendo nos textos que publicava na imprensa francesa o dia a dia e as particularidades da região sob o domínio da colonização francesa. Trajando as vestimentas argelinas tradicionais que a tornaram conhecida, e com vívidas críticas à Europa, Eberhardt deixa clara sua identificação com os costumes árabes, tendo mais tarde inclusive se convertido ao Islã.
Na sociedade argelina, vestia-se como homem, frequentava lugares destinados exclusivamente a eles e se comportava como um. Porém, nada em sua vida é assim tão simples. Casada com o soldado Slimène Ehni, ela ora assinava seus textos como Isabelle Eberhardt, ora como Mahmoud Saadi, sem nunca pedir licença para exercer o trânsito entre etnias, identidades de gênero e religiões que mostra justamente o que essa mulher curiosa reivindicava: o direito de ir e vir; o direito à vagabundagem.
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Vagabundagens, de Isabelle Eberhardt, na Cultura e Barbárie
Direito à Vagabundagem, de Isabelle Eberhardt (1877 – 1904) já haviam sido publicados anteriormente pela Cultura e Barbárie, com tradução de tradução de Takashi Wakamatsu. No ano passado, o selo publicou os diários e você pode encontrar aqui! A Cultura e barbárie é uma editora independente dedicada à publicação de literatura, ensaios de arte, política, filosofia e crítica cultural. O Direito à Vagabundagem, composto em uma edição primorosa, que acompanha mapas e uma capa especial, está fora de estoque, pode ser encontrado aqui!
Veja algumas imagens:
–Sobre as autoras de “Direito à vagabundagem: as viagens de Isabelle Eberhardt”, da Fósforo:
Isabelle Eberhardt nasceu em 1877, na Suíça. Aos vinte anos, viaja com sua mãe para a Argélia, onde passa a escrever também com um pseudônimo masculino: Si Mahmoudi Saadi. Durante sete anos, foi jornalista e andarilha, e experimentou o vaivém entre as fronteiras não só de países, mas de gênero, etnia e religião. Europeia que se converteu ao Islã, faleceu de modo trágico em 1904.
Paula Carvalho é historiadora, jornalista, editora da revista Quatro Cinco Um e colaboradora do blog da editora Tabla. Mestre em história pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), estuda viajantes, principalmente os disfarçados.
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Ficha técnica:
Título: Direito à vagabundagem: as viagens de Isabelle Eberhardt
Autora: Isabelle Eberhardt
Organização: Paula Carvalho
Tradução: Mariana Delfini
Capa: Tereza Bettinardi
Formato: 13,5 X 20 cm
Número de páginas: 280 pp
ISBN: 978-65-89733-66-9
Preço: R$ 74,90
ISBN e-book: 978-65-89733-89-8
Preço e-book: R$49,90
Lançamento: 24/08/2022
Editora: Fósforo