Primeira vez traduzido para o português, Tamiki Hara é, para o Nobel de literatura Kenzaburo Oe, o autor japonês que melhor retratou a experiência da bomba atômica. Confira 5 curiosidades sobre Flores de verão
No dia 6 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram sobre Hiroshima uma bomba atômica que devastou a cidade e matou dezenas de milhares de pessoas. Sobrevivente da catástrofe, o escritor Tamiki Hara (1905-1951) narra em Flores de verão os momentos antes, durante e depois da explosão: o esforço de guerra da população de Hiroshima nos meses anteriores, o clarão fatal que atingiu pessoas, animais, plantas e coisas, e os difíceis meses de recuperação e reconstrução da vida dos que ficaram.
Salvo por estar no banheiro no momento da detonação, Hara descreve tudo o que viu naqueles dias, encontrando as vítimas em desespero pelas ruas, pelos parques e pelo rio que marca a geografia de Hiroshima. Clássico da literatura japonesa do século 20, Flores de verão ganha a sua primeira tradução para o português, feita do original japonês por Jefferson José Teixeira. Segundo o Nobel de Literatura Kenzaburo Oe, Tamiki Hara é “o escritor japonês que melhor retratou a experiência da bomba atômica”.
Flores de verão, lançamento da editora Tinta-da-China Brasil, chega às livrarias em 6 de agosto de 2022, data que marca os 77 anos da tragédia.
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Confira 5 curiosidades sobre Flores de verão:
1- O livro retrata momento antes, durante e depois das “ruínas”
O primeiro texto, “Prelúdio à destruição”, é ambientado nos meses anteriores à queda da bomba: três irmãos e suas famílias participam do esforço de mobilização de guerra e de treinamentos enquanto a cidade de Hiroshima é evacuada, na expectativa de um ataque aéreo. O segundo texto, “Flores de verão”, é o relato dos momentos seguintes à explosão da bomba: tendo sobrevivido com poucos ferimentos por estar no banheiro quando o clarão destruiu tudo, o narrador caminha pela cidade, se refugia no parque e testemunha cenas desesperadoras, com pessoas gravemente feridas pedindo ajuda e morrendo pelas ruas e dentro do rio Ota, cujo delta marca a geografia da cidade. O terceiro texto, “A partir das ruínas”, descreve a cidade e seus habitantes nos meses após a catástrofe, quando amigos e parentes morrem ou adoecem em consequência da radiação e os sobreviventes procuram retomar a vida em meio aos escombros. A edição brasileira acrescentou no final o texto
2- Imagens raras de Hiroshima
O livro traz imagens que mostram Hiroshima destruída abrem e fecham os capítulos, incluindo fotos da Força Armada Americana e do Museu Memorial da Paz de Hiroshima
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3- Tradução do original em japonês
Uma coisa difícil de se conseguir foi realizada pela nova edição da Tinta da China, uma tradução inédita para o português feita por Jefferson José Teixeira com base no original em japonês. Como disse, o Nobel de Literatura Kenzaburo Oe, Tamiki Hara é “o escritor japonês que melhor retratou a experiência da bomba atômica”, então ter uma tradução que dê conta disso, faz o livro ser um relato mais especial ainda.
4- O livro foi censurado pela ocupação americana
Tamiki Hara nasceu em Hiroshima, em 1905. Começou a atuar como escritor profissional em meados dos anos 1930. Pouco antes do primeiro aniversário de morte da mulher, Sadae, quando Hara retornava a Hiroshima para viver na casa de sua família, a bomba atômica foi lançada sobre a cidade. A catástrofe ficou registrada em “Flores de verão”, publicado em 1947 na revista Mita Bungaku, um dos textos inaugurais da literatura sobre a experiência da bomba e que lhe renderia o prêmio Mizukami Takitaro.
Pela mesma revista, no mesmo ano, saiu “A partir das ruínas”, e em 1949, “Prelúdio à destruição”. “O país do meu mais sincero desejo” foi publicado em 1951, pouco antes de Hara dar cabo de sua vida, sob o impacto do início da Guerra da Coreia. Um monumento em sua memória foi erguido no castelo de Hiroshima e depois foi transferido para o templo Genbaku. Seu aniversário de morte, 13 de março, é conhecido como Kagenki, nome da sociedade criada por leitores para celebrar sua memória. Hara ganhou projeção mundial nos anos 60, com a divulgação no Ocidente da Genbaku bungaku, ou literatura da bomba atômica, por autores como Kenzaburo Oe.
Sob censura no período da ocupação americana no pós-guerra, hoje Flores de verão é uma das obras mais celebradas da literatura japonesa do século 20 e integra o currículo escolar do país.
5- Uma carta antes do suicídio
“O país do meu mais sincero desejo”, escrito em 1951, uma reflexão transcendental sobre o sentido da vida, sobre sua mulher morta pouco antes da tragédia e sobre as memórias da bomba. Esse texto é considerado uma espécie de carta de despedida do autor, que pouco depois deu fim à própria vida.
E aí, gostou das curiosidades de Flores de verão?
Ficha técnica
Título: Flores de verão
Autor: Tamiki Hara
Tradução: Jefferson José Teixeira
Formato: 130×185 mm
Páginas: 136
ISBN: 978-65-84835-03-0
Preço livraria: R$ 55
Editora: Tinta-da-China Brasil
À venda em: Livraria da Travessa e amazon.com.br a partir de 6 de agosto de 2022
Sobre a editora
A Tinta-da-China Brasil é uma editora de livros independente, sediada em São Paulo, controlada pela Associação Quatro Cinco Um, organização sem fins lucrativos dedicada à difusão da cultura do livro. Originalmente um selo da Tinta da China — uma das editoras mais relevantes de Portugal, que publica com independência e alta qualidade editorial o melhor da literatura clássica e contemporânea e a edição em língua portuguesa da mais importante revista literária da era moderna, a britânica Granta —, em janeiro de 2022, a Tinta-da-China Brasil passou a ser controlada pela Associação Quatro Cinco Um, que reativou a editora fazendo reimpressões, lançamentos e vendas de livros já produzidos.
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