Teatro oficina, tradicional em São Paulo, recebe peça de teatro baseado nos poemas de Roberto Piva
PARANØIA é um quase-solo de Marcelo Drummond interpretando os poemas-vertigem do livro de Roberto Piva, editado em 1963 por Massao Ono e relançado nos anos 2000 pelo IMS. Paranoia é o giro por uma São Paulo mítica, noturna, que cresce e se deixa invadir pelo homoerotismo e pela loucura latentes da madrugada da capital do tesão e do caos. A trilha sonora composta por Zé Pi exalta a noite, o breu, o sexo e ruídos da mente e do corpo com batidas eletrônicas, Jazz e sons de multidão, confluindo com a música executada ao vivo pelo pianista Chicão.
A drag queen Kaëka Tchëka, encarnada pelo ator Kael Studart, recebe e aquece o público atuador e contemplativo com seu copo de veneno. A escrita milenar da caligrafia japonesa abre alas para o espetáculo no gesto ancestral de Sonia Ushiyama escrevendo na pista as letras xamânicas de Paranoia. Nessa gira, o cinema ao vivo de Igor Marotti na câmera e Ciça Lucchesi nas projeções conduzem o público em cenas, texturas e imagens alucinantes, muitas cidades dentro da cidade, São Paulo de todos os tempos, fora do tempo, praça da república dos meus sonhos, oh gato azul da minha mente, tudo se conecta e expande na delicadeza de Paranoia no Teatro Oficina.
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PARANOIAS E PANDEMIAS
Paranoia foi a peça escolhida para reabertura do Teatro no dia 28 de outubro de 2021, pela sua dimensão diminuta e preciosa poesia. Depois de fazer sessões no aniversário de São Paulo, volta para agitar a pista da rua Lina Bo Bardi em duas sessões em fevereiro, nos dias 18 e 19, sempre às 20h.
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PARANOIA
18 e 19 de fevereiro | sempre às 20h
duração: 90 min
local: Teatro Oficina – rua jaceguai, 520, Bixiga
indicação etária: 18 anos
ingressos à venda pela sympla:
e 1h antes de cada espetáculo na bilheteria do Teatro
rua jaceguai, 520, Bixiga
FICHA TÉCNICA
Texto Roberto Piva
Direção e Atuação Marcelo Drummond
Hostess e aquecimento de público: Kaëka Tchëka
Trilha sonora Zé Pi
Piano Chicão
Intervenção caligráfica, direção de arte e figurino Sonia Ushiyama Souto Câmera ao vivo Igor Marotti
Videoarte Cecília Lucchesi
Luz Luana Della Crist
Som Camila Fonseca
Comunicação e mídia tática Camila Mota e Cafira Zoé
Artes gráficas Cecília Lucchesi e Igor Marotti
Preparação vocal Beth Amin
Produção Tati Rommel
Bilheteria Rafael Lopes
Administração Anderson Puchetti
Realização Teatro Oficina Uzyna Uzona
Sobre o poeta:
Roberto Piva é um poeta até hoje pouquíssimo lido e conhecido pelo público. Sua obra, com um caráter ao mesmo tempo de manifesto e transgressão, concentra toda a violência de uma cidade como São Paulo, em uma estrutura de escrita alucinada pelas imagens fortes, pelo erotismo e pela potencia quase sagrada e religiosa da experiência do corpo. Em Paranoia, é possível ver uma gama imensa de influências, desde o flâneur de Baudelaire, o homem que anda pela cidade, passando pelo contato com a poesia deMário de Andrade, pela identificação com o espírito de anjo panfletário do caos de Jorge de Lima, chegando às influências da poesia beat-americana. Ah, isso tudo com um tom que remete a Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa.
Alguém aí também quer ver uma peça de teatro com poemas de Roberto Piva? Eu quero!