Amy Lowell foi uma poeta americana nascida em Brooline, Massachusetts a 9 de fevereiro de 1874 e morta em 12 de maio de 1925. Ela foi uma poetisa dos Estados Unidos condecorada postumamente com o Prémio Pulitzer de Poesia em 1926. Muitos dos melhores poemas de Amy Lowell são são celebrados até hoje.
Lowell era irmã do astrónomo Percival Lowell e do presidente da Universidade Harvard Abbott Lawrence Lowell e foi participante do Movimento Imagista de Ezra Pound. Era considera epígono de Pound, por pensar somente na imagem de forma estacionária. Mas teve seus poemas publicados na primeira antologia imagista e assumido uma certa liderança na difusão internacional deste movimento após 1915, quando foi viver em Londres.
O NotaTerapia separou os melhores poemas de Amy Lowell. Confira:
SUPERSTIÇÃO
Pintei o retrato de um fantasma
Numa pipa
E a pendurei numa árvore.
Mais tarde, quando eu soltei a linha
E a deixei voar,
As pessoas se agacharão
E esconderão a cabeça,
Por medo de Deus
Que dá voltas nas nuvens.
Traduzido por Dalcin Lima aos 31 de janeiro de 2016.
MÚSICA
O vizinho está sentado à janela tocando flauta.
Da minha cama consigo ouvi-lo,
E as notas suaves agitam-se e tamborilam pelo quarto,
E entrechocam-se,
Esbatendo-se em acordes inesperados.
É muito belo,
Com as pequenas notas de flauta à minha volta,
No escuro.
Durante o dia,
O vizinho come pão e cebola com uma mão
E copia música com a outra.
É gordo e tem a cabeça careca,
Pelo que não olho para ele,
E passo a correr frente à sua janela.
Há sempre o céu para olhar,
Ou a água no poço!
Mas quando chega a noite e ele toca a sua flauta,
Penso nele como um jovem,
Com medalhas de ouro pendendo do relógio,
E um casaco azul com botões de prata.
Deitada na minha cama,
As notas de flauta encostam-se-me aos ouvidos e aos lábios,
E adormeço, sonhando.
Tradução: Miguel Martins
O RETIRO DE HSIEH KUNG POR LI T’AI-PO
O sol está a pôr-se – pôs-se – na Montanha Verde-Primavera.
O retiro de Hsieh Kung está solitário e quedo.
Nenhum som humano no campo de bambu.
A branca lua brilha no centro do lago do jardim abandonado.
À volta da Casa de Verão desabitada há relva apodrecida,
Musgo cinzento abafa o poço em ruínas.
Há, apenas, o vento livre, claro
Uma vez e outra passando sobre as pedras da fonte.
Tradução: Miguel Martins
TANQUE
Frias, molhas folhas
Flutuando numa água colorida de musgo
E o coaxar das rãs:
Badalar roto de sinos no crepúsculo.
Traduzido por Dalcin Lima aos 31 de janeiro de 2016.
PROPORÇÃO
No céu há uma lua e estrelas,
E no meu jardim há mariposas amarelas
Agitando-se em torno do arbusto de azáleas brancas.
Tradução: Miguel Martins
Veja também: 12 poemas essenciais para conhecer Walt Whitman
OUTONO
Passei o dia observando as púrpuras folhas da parreira
Caírem na água.
E agora, à luz da lua, elas continuam caindo,
Mas cada folha tem franjas prateadas.
Traduzido por Dalcin Lima aos 31 de janeiro de 2016.
OPALA
És gelo e fogo,
Teu toque queima minhas mãos como a neve.
És frio e chama.
És o carmesim da amarílis.
O prateado das magnólias tocadas pela lua.
Quando estou contigo
Meu coração é um tanque gelado
Cintilando com tochas agitadas.
Traduzido por Dalcin Lima aos 31 de janeiro de 2016.
UMA OFERENDA QUEIMADA
Porque não havia vento,
O fumo das tuas cartas pairou no ar
Por muito tempo;
E a sua forma
Era a forma do teu rosto,
Minha Amada.
[in revista Telhados de Vidro, n.º 14, Setembro de 2010 – Tradução Miguel Martins
DÉCADA
Quando vieste, tu eras igual ao vinho e ao mel
E teu gosto incendiou minha boca com sua doçura.
Agora tu és como o pão manhã,
Suave e agradável.
Apenas te degusto, já que conheço teu sabor
Embora eu esteja completamente saciada.
Traduzido por Dalcin Lima aos 01 de fevereiro de 2016.
II
Como te Magoei?
Tu olhas pra mim com olhos claros,
Mas as lágrimas são minhas.
seleção e tradução de Ricardo Marques, ed. Língua Morta
TAXI
Quando me distancio de ti
O mundo pulsa monótono,
Igual a um tambor frouxo.
Clamo por ti às estrelas salientes
E grito nas cordilheiras do vento.
As ruas apressadas,
Surgem uma após outras,
Distanciam-te de mim
E as lâmpadas da cidade afligem meus olhos
De tal maneira que não consigo ver teu rosto.
Por que devo deixar-te
E me ferir a mim mesma nas afiadas margens da noite?
Traduzido por Dalcin Lima aos 01 de fevereiro de 2016.
Fonte: http://arspoeticaethumanitas.blogspot.com/2016/02/pequena-antologia-amy-lowell.html
http://bibliotecariodebabel.com/geral/quatro-poemas-de-amy-lowell-traduzidos-por-miguel-martins/
Fonte