A literatura no Peru existe desde antes da conquista do país, dentro da tradição dos índios quíchuas e aimarás. E passou, no período colonial, a ser um instrumento de identidade dos povos conquistados.
Um texto que ilustra essa época é o do cronista indígena Guaman Poma de Ayala. Ele escreve uma extensa carta ao Felipe III de Espanha, em que conta como era a vida na região antes da chegada dos espanhóis e como a colonização trouxe algumas doenças e aumentou a mortalidade local.
Mas a literatura peruana é muito mais do que isso. O NotaTerapia separou 5 livros de literatura peruana para você conhecer!
A História de Mayta, de Mario Vargas Llosa
Mario Vargas Llosa nos atrai com sua prosa a Mayta, o protagonista de uma tentativa revolucionária trotskista que se passa no romance em 1958. A reconstrução da história desse personagem se faz a partir dos depoimentos de quem o conheceu e do posterior confronto dessa história, carregada de subjetivismo, de realidade.
O resultado só pode ter um sabor amargo e tragicômico claro. Assim, além de conhecer um homem, personificação da marginalidade, filho de um período de paixões políticas e conflitos ideológicos, conheceremos também um momento chave no futuro da América Latina, um tempo sombrio, um tempo de vindicação violenta de desejos e direitos e, por fim, compreenderemos as limitações da verdade. Porque a história vem de ficções pessoais. E a linguagem da ficção trai inevitavelmente a experiência real.
Muitas vezes desvalorizado, este romance vai muito além das leituras políticas que o reduziram na época. Hoje, além disso, ele nos encanta com todo o auge literário de Mario Vargas Llosa.
Abril Vermelho, de Santiago Roncagliolo
Abril vermelho conta a história do promotor Félix Chacaltana Saldívar, um burocrata tímido que passa os dias numa repartição em Ayacucho, Peru, redigindo relatórios e memorandos. Mora sozinho, na casa que fora da mãe, e tem hábitos simples, sem aventuras ou sobressaltos. Até que, na Semana Santa, um corpo violentamente mutilado é encontrado na pacata cidade. Chacaltana se envolve acidentalmente na caçada pelo assassino, já que nem a polícia e nem o exército se empenham na investigação, preferindo abafar o caso. Novos corpos aparecem, e as pistas são cada vez mais confusas.
Prosas apátridas, de Juan Ramon Ribeyro
Estas Prosas apátridas reúnem fragmentos que oscilam entre anotações em um diário, aforismos e o ensaio filosófico, passeando por temas como literatura, infância e velhice, amor e sexo, memória e esquecimento, com sensibilidade, elegância e amargura ímpares. Mais um ícone da literatura latino-americana a chegar às prateleiras brasileiras pela coleção Otra Língua, organizada por Joca Reiners Terron.
A guerra do fim do mundo, de Mario Vargas Llosa
Este é um dos livros mais importantes de Mario Vargas Llosa, um épico latino-americano em que ele reconta a Guerra de Canudos – conflito que está entre os mais dramáticos da história do Brasil -, com toda a genialidade que o consagrou como um dos grandes autores de língua espanhola da atualidade. A pesquisa para o livro demandou um esforço concentrado.
So Para Fumantes, de Juan Ramon Ribeyro
Frequentemente mencionado como o maior contista peruano, Ribeyro, um autor ainda a ser descoberto pela maioria dos leitores brasileiros, vai da narrativa breve e concisa, em que recupera casos familiares de tios e tias da classe média limenha, a contos que estão na fronteira com a novela, como o que dá título ao volume. Nele, o autor percorre a história de sua vida, dividindo-a conforme a marca de cigarro que fumava em cada época –