Uma das rainhas do teatro e cinema brasileiros, Marieta Severo, deu uma entrevista explosiva ao Jornal O Globo. Ela faz uma série de críticas ao momento atual em que vivemos e compara com os piores anos de chumbo da ditadura militar. Em um dos momentos mais fortes, ela pergunta como “alguém defende um regime que coloca um cano de descarga na boca de um jovem e sai arrastando ele pelo quartel?”, se referindo ao caso de Stuart Angel, filho de Zuzu Angel, sua amiga.
Sem citar o presidente da República, ela destaca a angústia que este momento político vem causando em todo mundo que é preocupado com a democracia.
“Nunca senti uma angústia cívica tão profunda, apesar de ser de uma geração que viveu a ditadura. Sei o que é ter uma barreira diante dos sonhos, do melhor do país, impedindo a gente de florescer em plena juventude. Aqueles tanques na rua (sobre o desfile recente de tanques em Brasília). Como alguém defende um regime que coloca um cano de descarga na boca de um jovem e sai arrastando ele pelo quartel?”, disse.
Segundo matéria da Revista Forum, a atriz considera que não há clima nem conjuntura internacional para um golpe, mas, de acordo com ela, está tudo preparado para isso.
Ter que voltar a lidar com esse medo é assustador. Essa ideologia que está dominando não só o Brasil, mas vários lugares, o desmonte das nossas conquistas, o retrocesso dos direitos trabalhistas, tudo que está sendo feito por debaixo dos panos”.
A ideia, segundo Marieta, é asfixiar todos aqueles que não compactuam com a ideologia do governo, tentando apagar um momento político e social da arte. A tarefa seria, então, resistir a este momento e retratá-lo não só agora, mas também no futuro.
“O que vão permitir que se filme, arte sacra? A gente se perde diante dos absurdos. O que estará tramando Damares? Um negro que demoniza negros na Fundação Palmares. Pessoas são escolhidas pelo viés ideológico e não pela capacidade de ocupar os cargos. O país está desmoronando por dentro”, disse.
Para finalizar, ela deixa claro é pautada pelo desejo de liberdade:
— O princípio da minha vida é a liberdade individual. Cada um se manifesta como quer, com sua consciência. Se quiser usar a voz só em sua música, é um direito. Também tem gente que não está se manifestando porque concorda — acredita. — Acho que quanto maior a consciência de como a política está impregnada em nossas vidas, melhor para a coletividade. Sou de uma geração que nunca se furtou a se posicionar. Cada trabalho que escolhi tinha uma uma intenção, eu precisava ter dentro de mim o impulso de mudar o mundo.
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