“The devil is in the details” – [e3s4]
Quando iniciei Breaking Bad percebi que a série teria forte desenvolvimento de personagens ligado aos detalhes, às nuances de seus comportamentos e de situações que, várias vezes poderiam parecer vazios ou contraditórios mas, por outro lado, se apresentariam cheias de significado para quem conseguisse observá-los. Aqui tentarei apresentar como a desumanização de Walter White se apresentou em vários momentos e minúcias, como as relações familiares que serviriam de agentes reguladores/humanizadores e vão se quebrando no decorrer da obra e se relacionam com esse desenvolvimento e como a sua exacerbação dos instintos, do seu lado animal, em um primeiro instante, seguida de uma racionalização e tentativa de justificar tudo atuam no desenrolar desse processo.
Até pouco tempo atrás mal se sabia que havia outras espécies de animais que também faziam sexo por sentirem prazer, e consequência direta disso foi difundida num ato libertário de que não haveria problemas em fazer sexo por prazer, já que seria parte do nosso instinto animal e o saciaríamos ao realizar tal ato. No entanto, muito se esquece que o homem é o único animal que, sabe-se agora, é capaz de recusar o sexo e ter uma justificativa lógica e racional para isso, inclusive quando as mulheres se encontram no período fértil e os homens em momentos apropriados à reprodução. E a possibilidade de negar o sexo é, além disso tudo, uma das nossas características civilizatórias que nos diverge de seres animalescos.
Dito isso, o primeiro comportamento corrosivo e perceptível de Walter ao ter a notícia do câncer é se se envolver numa espiral sexual com Skylar a ponto de ele, em uma das cenas mais fortes de todo o seriado, quase estuprar a própria esposa: é um dos mais fortes indícios em detalhes que demonstram sua perda de capacitade civilizatória e que não é só a sua entrada no e o contato com o mundo do crime que funcionam como catalisadores da sua desumanização.
As mortes causadas logo no início da primeira temporada não são tanto um problema ou um fomento para a desumanização de Walt. Era um momento de perigo e houve legítima defesa, um ser humano comum encontraria uma justificativa ali, no entanto, o grande conflito e a grande barreira que nosso querido colaborador para um ganhador do prêmio Nobel tem de enfrentar é a de desová-los e eximir-se da culpa. A segunda morte, do rapaz que ele estava adquirindo simpatia, com certeza foi mais difícil, porém também justificada pelo vislumbre da traição e da morte certa que ele lhe traria ao soltá-lo: matar alguém em legítima defesa pode ser moralmente correto, entretanto, sumir com o corpo para evitar a culpa? Nesses casos, não. E aquele que era apenas um professor de química passa a ter de pensar em como dar um fim cruel e indigno para qualquer pessoa, e acredito que para ele também seria. Executar tal ato foi nada mais que demolir barreiras que não se levantam mais: você pode até se regenerar, se controlar, querido leitor, mas sabendo uma vez do que é capaz, sua mente jamais será a mesma.
O Temperamento de Walter, se altera mais e mais a temporada após temporada, e já na segunda, com a separação da sua família, vemos exatamente o processo reverso que ocorre no filme Logan: cada vez menos Walter White tem seus freios civilizatórios. O pseudônimo Heisenberg também serve para reforçar isso: apenas seres humanos dão nome às coisas, e nomeá-las é enchê-las de significado – ou nomear é permitir identificar um significado –, e quando Walter começa a se esvaziar como o amado pai que faria tudo para dar um futuro à família e dá espaço para que Heisenberg tome conta da sua vida é que vemos o sua desumanização tomando conta do espaço em Branco.
Já no final da terceira temporada, Walter White tem um surto após conversar com Gus e acelera o carro de olhos fechados, tentando provocar o seu suicídio. O processo da sua perda de humanidade vai se desenvolvendo cada vez mais, e o que antes se dava por meio de uma supervalorização dos instintos mais animalescos e omissão daquilo que o diferenciava de um animal, agora pode ser percebido pela supressão de um dos instintos primordiais de todas as espécies: o de autopreservação. Sua vida vai recaindo num niilismo cada vez mais profundo: Walt não só pula no abismo como também o cava. “The universe is random. It’s not inevitable. It’s simply chaos.” – “O universo é aleatório. Não é inevitável. É simples caos” [s03e10].
O episódio 10 da 3ª temporada é, aliás, um dos mais emblemáticos e simbólicos da série – ele basicamente gira na perseguição de uma mosca no laboratório: Walt não só deixa de dormir como fica obcecado por aquilo, alegando que tudo estaria contaminado e que eles poderiam morrer se não tomassem cuidado com aqueles homens; Pinkman chega a comentar sobre a sua tia, que morrera de câncer, e como ela agia pelo fato de o cérebro dela estar contaminado com o tumor, e ter o mesmo comportamento obsessivo.
Fato curioso é que a série praticamente nos entrega um episódio todo que enfoca na mosca, um animal que vive de restos, transmite doenças, vive em ambientes sujos/contaminados e, apesar de muito pequenas, são capazes de tirar o sono de qualquer um. A mosca, no entanto, também pode simbolizar esse incômodo que Walt vem sentindo, esse contágio do mal dentro de si e o seu esvaziamento: Walter enlouquece pois o inseto não está somente a incomodá-lo exteriormente, mas também dentro de si, externando a sua própria contaminação interna. E a cena final na qual o professor vê a mosca em cima do alarme cuja luz vermelha intermitente funciona como um alerta, todavia, defasado: o contágio já repousa sobre a mente de Walt.
No final da terceira temporada, Jesse e Walt são levados a uma atitude extrema: assassinar Gale para proteger a vida de White, contudo é um assassinato quase a sangue frio. Jesse, que tentava se manter como o “bad guy” que teria dito ser episódios atrás, aparenta maior oscilação na sua entrega para o mal, ele ainda possui um regulador dentro de si e, certas vezes funciona também como regulador para o professor Walter White. Mas não dessa vez: ao matar Gale a sangue frio, logo após atropelar os dois traficantes, o professor de química se apresenta cada vez mais indiferente e disposto a fazer o que for necessário para atingir os seus objetivos, mesmo tirar a vida de um homem inocente que não exercia perigo direto para si.
Assassinar traficantes e assassinos, ou alguém que apresente perigo eminente é uma coisa, porém assassinar um homem, de certa forma, até ingênuo, como Gale, é um grande passo para a perda de empatia e reconhecimento de humanidade de um para com o outro; não resta muito mais de humano para a dupla de fabricantes de metanfetamina.
Isso se fortifica no terceiro episódio da quarta temporada, quando Jesse chega em casa e, ao mesmo tempo em que ele se desumaniza junto do professor, toca a já conhecida “If I had a heart”, da Fever Ray, que começa nada menos com os versos “This will never end ‘cause I want more/Oh give me more, give me more” – “Isso jamais acabará porque eu quero mais/ Oh, me dê mais, me dê mais”. Para além disso, o estado da casa de Pinkman, que passa de um lugar de diversão e festa, para um lugar de expressão do grosseiro, no qual pessoas libertam seus instintos violentos e sexuais mais primitivos. A partir daí, sua atitude de, simplesmente, acender um cigarro, demonstra o quão dentro desse universo perverso ele já se encontra.
Além disso, a cena na qual ele amassa e joga dinheiro para acordar um dos homens que festejava lá, mostra que o seu objetivo primeiro, que era conseguir arrecadar esses fundos, na verdade se demonstrou um propósito vazio, que pode ser esmagado e usado até como maneira de acordar um bêbado desconhecido na própria casa. Não só isso, ele joga dinheiro e vê as pessoas de lá agindo como animais e, ali, não é como se fosse um superior, mas como uma forma de olhar para si mesmo: Pinkman sempre foi um viciado, que fazia e fez de tudo para conseguir dinheiro e drogas – a eterna entorpecência – mesmo apesar da sua, de certo modo, inocência de garoto.
Digo isso para reforçar que Jesse funcionaria como um dos agentes humanizadores de Walter, porém, após essa atitude, há pouco mais que ele possa fazer para ajudar o professor já que ele mesmo necessitaria de ajuda para se desvencilhar desse ambiente distorcido.
É curioso notar, por outro lado, que o comportamento de Walter se apresenta extravagante, apesar de tentar se manter avulso aos olhares do mundo, e principalmente de seu cunhado, o agente da narcóticos, Hank, em cenas como a do jantar e tantas outra mais, o cozinheiro não consegue segurar seu orgulho de sua obra, chegando a ponto de reesquentar a trilha do agente que havia esfriado após a morte de Gale, dizendo no jantar em família que aquilo era plágio de uma obra maior e que Heisenberg estaria vivo. É uma cena que mostra não só o todo da contradição humana, mas também como o homem, levado pelo melhor que os vícios podem dar, tende a cair tão facilmente.
“O que está acontecendo comigo não tem a ver com doença, tem a ver com escolhas, escolhas que eu fiz.” [S4E06]
Walter percebe e sabe que, no fundo, a sua entrada no mundo no crime e seu afastamento da sua própria humanidade adviram por sua escolha, apesar de serem circunstâncias diferentes, a sua permanência e sua ganância gritam, não só na sua mente, mas para todos, o quão ausente de característica humanas ele se torna: sua exibição tanto no jantar, quanto no quarto com Skyler servem como limiar que foi trespaçado – há muito, porém só agora percebido.
Ele não usa mais a verdade para se comunicar: novamente, a mentira que já estava presente desde o início da série, agora se espalha epidêmica. É como em Sons of Anarchy, quando se percebe todas as consequências de se viver nesse estado de não-verdade. Toda essa proximidade com a mentira torna-o desconfiado e, de certa forma, até inseguro, já que acusa Jesse de ser um traídor e logo depois se pergunta se toda a situação do assalto em que Jesse salva Mike, não teria sido uma mentira. Além disso, Mr. White compra um carro para o filho de solapão, logo após mentir e admitir em voz alta que todo aquele mal que ele faz para si e pode fazer para a família é uma escolha: a velha compensação do dinheiro e bens para suprir um vazio existencial ou uma culpa.
“It’s all about me”
O processo de desumanização de Walter, como já visto desde a primeira temporada, é de forma lenta e gradual, e isso pode ser percebido ao pedir que a culpa recaia sobre ele e não sobre as moças que foram limpar o laboratório, ou no seu pedido de desculpas a Fring. Entretanto, dizer que tudo que faz é para proteger a família não torna isso verdade e, tanto menos, não anula sua verdadeira escolha. E, assim como Skyler diz no fim do episódio: “alguém tem de proteger essa família do homem que protege essa família.”
Já no episódio 10 da 4ª temporada, após liberar parte da sua violência em uma briga com Jesse, Mr. White vai para casa e recebe a visita de Junior. Seu filho, que além de querer cuidar do pai, participa de uma cena emblemática que, para mim, leitores, teve uma das maiores cargas simbólicas de toda a série: entre os vários socos e pontapés que ele e Pinkman desferiram um no outro, os óculos de Walter têm uma de suas lentes expelidas, e, bem vejamos, leitor: os óculos são equipamentos que servem para melhorar a visão de quem os usa, para tornar possível o olhar nítido da realidade. A lente solta expressa exatamente o que vem sendo explicado aqui, Walt perde sua humanidade e, com isso, também perde de certa forma, sua capacidade de perceber a realidade de modo humano, lógico, como ela se apresenta a nós, no entanto, para além do que já foi explicado, Walter Junior conserta a armação do pai, inserindo a lente – mesmo que arranhada – novamente, o que pode servir como uma maneira de que o único membro, de fato, inocente da família está ali para auxiliá-lo a enxergar o mundo de modo humano e correto de novo. E tudo isso se reforça pelo fato de Walter Junior falar que era melhor lembrar-se do pai, todo machucado, como na noite anterior a lembrar-se dele como no ano passado, já que naquela noite ele teria sido verdadeiro – apesar da mentira que Mr. White conta, este é um dos raros momentos em que ele deixa transpassar alguma sensação honesta, de tristeza e arrependimento, para quem realmente o ama e estaria sempre ali com ele. Novamente, sua família como agente reestruturador da verdade – e consequentemente de um ponto de vista ligado à realidade – e da sua humanização.
Contudo, pelo decorrer dos episódios, nota-se que Walt quer afastamento dessa mesma família, e cada vez mais se isola, como um selvagem em meio às atitudes ccivilizatórias. Isso se reforça quase em um ponto máximo quando, na cena final da quarta temporada, a câmera dá um close nos Lírios do Vale, dando a entender que o Mr. White de fato foi capaz de envenenar uma criança para conseguir alcançar seus objetivos. Sua desumanização chega a tal ponto e permite mostrar ao espectador que, apesar de ser um selvagem em meio à civilização, não é, necessariamente, a inteligência que faz do homem ser mais ou menos humano.
Já na quinta temporada, o processo que se iniciou com a exaltação da sua animalidade, passou para a supressão dos instintos mais primordias, agora se transforma em uma racionalização diabólica. Skylar percebe que o marido, mesmo após eliminar Gus Fringe, seu inimigo, não demonstra nenhum remorso ou peso na consciência, tanto mais acerca de Ted. E no final do segundo episódio isso se reforça – inclusive ao retomar uma atitude da primeira temporada – quando Walter começa a assediar a esposa – enquanto afirma que somente se faz tal coisa (tal como dar a ordem de matar alguém, ou ameaçar) por um “bom motivo”, pela família, e, nesse instante ela apenas se encolhe de medo daquele que não é mais o seu marido. Heisenberg é essa personalidade ausente de características humanas que, minuto após minuto, episódio após episódio, tomou conta de um professor fracassado de química que queria proteger a família.
Novamente, a inteligência e a tentativa de racionalizar todas as suas ações e de justificar atos cruéis, como envenenar um garoto, reforçam essa supressão de humanidade por um outro lado: se no início do seriado ele se tornava um animal por permitir que seus instintos mais primordiais saltassem de si e toda a relação com adrenalina e a sensação de desespero para conseguir alcançar o objetivo, agora, já não tendo mais o risco eminente do câncer, Walter procura racionalizar as motivações para ser menos humano.
No início do episódio 4 da 5ª temporada, Walter vende seu carro e compra um Chrysler e um Challenger para o seu filho, mas antes de abandonar o modesto automóvel que, pelas palavras do mecânico, ainda servia muito bem aos seus propósitos, Mr. White pega o chapéu de seu algoz e outra faceta: Heisenberg. Daí em diante, seu relacionamento com Skyler se demonstra muito mais abusivo, ainda mais ao considerar o final do episódio, no qual ele afirma que ela mudará de ideia em relação a ele – o problema é que a afirmação é uma ordem. Além disso, ele passa cada vez mais a abandonar sua personalidade bondosa, que quer prover um bom futuro para a família, e se torna o traficante Heisenberg, o monstro e chefe de um império de drogas.
Além disso, faz o jogo de matar dois coelhos com uma cajadada só ao ir ao escritório de Hank e jogar suas intrigas sobre a Skyler para ele e, usar da compaixão do amigo para instalar os grampos na sala. Esse fato mostra que pouco importa para Walter (ou Heisenberg) sua relação com a família em si, e que não passava de mais um mero pretexto. Disso, a relação abusiva com a esposa se dilui quando ela aceita lavar o dinheiro e ser a parceira que ele quisesse caso deixasse as crianças fora de suas vidas: ali, nota-se que, por mais que seu instinto materno e protetor esteja falando, Skyler é impotente em relação ao mal e apenas aceita fazer parte dele – seus joguinhos não são para tentar tirar o esposo desse mundo do crime. Ali, ela faz cada vez mais parte desse mundo e adquire também um pouco dessa natureza desumanizada. A senhora White decide abandonar a família por dinheiro e não pelo que ela sabe ser o certo. Isso pode ser confirmado pela teoria das cores, já creditada pelo criador da série, na qual se percebe que Skyler que no início usava roupas azuis, como reforço para a tristeza, passa a usar roupas verdes, o que reforçaria sua ganância.
Já na cena em que eles assaltam o trem e o garotinho acaba sendo morto por Todd, é possível notar que apenas Jesse – de certa forma, retornando ao seu papel de agente humanizador por conta da sua aproximação a Brock e Andrea – reage negativamente ao ato do capanga, tanto é que no momento do desmanche da moto e do sumiço do corpo do garoto, ele é o único que não aparece em cena. Walter, inclusive, tende ao lado de Todd, sobre o fato de ter assassinado um garoto à queima roupa, que somente acenava para eles: primeiro envenenamento, depois, assassinato.
“Now, say my name.”
“Heisenberg.”
“You’re goddamn right”
Após finalmente assumir a sua identidade de forma que fosse reconhecível pelos outros, Walter mantém seu comportamento racionalizador: quase como figura do diabo, ele tenta justificar para Jesse o assassinato do menino da moto e, além disso, trabalha toda uma tentação para que Pinkman voltasse a cozinhar com ele, por meio da ganância e do medo, frisando e jogando no seu assistente tudo de ruim que um dia já fora. Tal como já apontado anteriormente, a sua inteligência é legada ao mal também, e toda sua capacidade de raciocínio serve a esse novo eu pouco humanizado – e cada vez mais solitário, se abandonou da família e usa todos em sua volta para conseguir montar o seu império.
Muito mais que isso, White praticamente se apaga quando diz para Jesse que viu Jane morrer e não fez nada. Todavia, e não somente isso, ele também reforça que poderia tê-la salvado e simplesmente ignorou a chance. Sua crueldade ali extrapola os limites do humano: o desejo de vingança e de destruir o outro se sobrepõe até o luto da morte indesejada do seu cunhado ou a perda de quase todo o seu dinheiro. Heisenberg parece sentir prazer em provocar o pior nos outros.
O final da série se dá de forma magistral, com a verdade vindo à tona, Flynn recusando o dinheiro do pai por ser sujo e por toda a maldade que ele fez e aparentemente aceitando a nova vida com a mãe, apesar de ela ter sido corrompida também pela ganância ao entrar no jogo de Walter/Heisenberg, não mergulhou tão fundo quanto o (ex-) esposo – e isso pode ser notado principalmente no fato do diálogo dela com Mr. White no último episódio, no qual ele abandona a justificativa de que tudo que fizera foi pela família e admite que foi por si mesmo, porque ele gostava, porque ele era realmente bom naquilo.
Sua aceitação, porém, não provoca uma melhoria ou purgação dos seus erros. Ele os reconhece, sabe que não pode reverter aquilo, mas também, em seu comportamento, não busca mais o perdão da família: arranjou uma forma de passar o dinheiro para eles, no entanto não conseguirá morrer com a imagem de bom pai e destruiu a sua família e a vida da ex-esposa e filho, tal como da família da cunhada, por exemplo e de tantos mais outros que sofreram nas suas mãos.
Por fim, a última cena do último episódio traz a resolução e o fechamento do arco de Heisenberg: não havia mais espaço para Walter White, não havia mais como acontecer uma redenção do personagem – sem que parecesse, no mínimo, forçado ou estranho – e, a sentença dada, vem da melhor maneira possível: a salvação de Pinkman, que termina literalmente livre do mundo das drogas no qual era escravizado – também agora aquilo que era uma metáfora ao seu estado, se concretiza quase que ironicamente –; a morte dos traficantes nazistas que poderiam trazer risco à sua família e a morte de Heisenberg que deixa, literalmente, seu sangue e sua vida num laboratório de metanfetamina.
Não há glória ou luz no seu fim, na sua morte. Há apenas o mal que se espalha suas consequências para todos os outros e que, no entanto, morre em si mesmo.