Título original: The Drowning Girl: a memoir
Autora: Caitlín R. Kiernan
Páginas: 317
Editora: Darkside
Tradução: Ana Resende e Carolina Caires Coelho
A obra A Menina Submersa de Kiernan certamente é uma obra marcante. O estilo de escrita, que no começo pode soar um tanto confuso, pois é narrado pelo ponto de vista de uma esquizofrênica, ao longo do livro se torna natural e flui com naturalidade, além de ser um dos pontos fortes da obra. A narrativa conta a história de Imp, que é o apelido da jovem India Morgan Phelps (em inglês, a palavra “imp” significa algo tipo diabinho, ou diabrete, e há vários trocadilhos com isso na obra que não puderam ser resgatados completamente na tradução). Imp é órfã e sua família tem um histórico um tanto pesado em aspectos de saúde mental: sua mãe e sua vó foram internadas e cometeram suicídio. Imp passa boa parte de seus dias sozinha, pintando seus quadros, lendo, escrevendo e trabalhando em uma loja. O que quebra sua rotina é quando ela conhece uma jovem chamada Abalyn, uma transexual resenhista de video games que se torna sua namorada e passa a morar com Imp.
No entanto, as duas começam a ter problemas quando Imp encontra Eva, uma mulher misteriosa que ela encontra parada na estrada. Pelo ponto de vista de Imp, essa mulher que ela conhece pode ser uma espécia de sereia, loba ou alguma coisa sobrenatural que tem um canto de sereia e olhos que mudam de cor. Eva soa como uma metáfora para a esquizofrenia e a depressão de Imp, pois ela relaciona o canto da sereia com o chamado do suicídio, inclusive trazendo exemplos como a floresta dos suicidas do japão e uma música cujos muitos ouvintes se mataram a escutando. Além de Eva, Imp é obcecada com um quadro chamado A Menina Submersa e diversas vezes durante a narrativa ela parece acreditar que Eva tem algo a ver diretamente com este quadro.
Enfim, resumindo, esta é a história do livro, mas isso não o mais importante dele. O mais inovador é a forma dispersa como ele é narrado, o que realmente deixa transparecer a maneira como a personagem se sente e faz com que o leitor consiga se sentir imerso nos pensamentos de Imp tanto quanto ela fica imersa em seus problemas mentais em seus dias sem remédios, o que pode tornar a leitura até mesmo um pouco forte para leitores mais sensíveis ou simplesmente com alguma identificação mais pessoal com esse tipo de situação. De qualquer forma, é uma leitura marcante, que faz o leitor refletir e se colocar no lugar de alguém como Imp. Em alguns aspectos, o livro lembra um pouco The Bell Jar (traduzido como A Redoma de Vidro), de Sylvia Plath, pela forma pessoal como lida com transtornos mentais envolvendo depressão e tentativas de suicídio.
Além de ser uma leitura imersiva e que afeta o leitor, a linguagem, apesar de simples e propositalmente confusa, tem um lirismo próprio e citações de impacto. Portanto, veja abaixo algumas das mais marcantes citações de A Menina Submersa e, caso você tenha lido o livro e lembre de mais alguma citação que não esteja na lista, comente qual faltou. (E entre uma citação e outra, veja mais algumas fotos de detalhes da edição deslumbrante da Darkside!)
página 17
página 18
página 24
Capa frente e verso
página 57
página 57
página 58
página 170
Detalhes de ilustrações
página 205
página 304
Ilustração do quadro A Menina Submersa