Que Edgar Allan Poe é uma grande influência na literatura em geral, principalmente na de terror e suspense, isso já é um fato um tanto conhecido. Agora, que ele foi inspirador de forma muito direta para um poema de H.P. Lovecraft talvez não seja algo ainda tão divulgado quanto o assunto merecia.
Acontece que o jovem Lovecraft, o qual claramente admirava Poe, conforme a temática de sua obra sombria também confirma, chegou um dia a escrever um poema em homenagem ao grande mestre do horror (e da ficção de suspense, de contos policiais, humor negro, poesia, crítica e teoria literária, etc). O poema se chama “Where Once Poe Walked”, em cujos versos Lovecraft conta sobre um encontro com uma assombração em um cemitério assombrado e soletra o nome inteiro de Poe com as iniciais de cada um dos versos!
Quando encontrei o poema no site MentalFloss, fui pesquisar e não encontrei versão alguma traduzida dele para o nosso idioma (se alguém conhecer/achar alguma, me enviem!). Portanto, resolvi que precisávamos ter uma tradução desse poema e o traduzi (mesmo sem muita experiência com tradução literária, principalmente poesia, por isso não reparem a alteração na estrutura de rimas e a ausência completa de algumas, além de mudanças de sentido feitas para que alguns versos não ficassem por demais longos ou curtos em relação aos outros). E óbvio que, para manter um mínimo de sentido semelhante ao original, a primeira letra de cada verso não forma com as debaixo o nome de Poe na versão traduzida. Desafio vocês leitores a traduzirem esse poema de forma a manter isso!
Enfim, leia abaixo o poema original de H.P. Lovecraft e a minha tentativa de traduzir os versos do criador do Cthulhu sobre Poe.
Where Once Poe Walked
Eternal brood the shadows on this ground,
Dreaming of centuries that have gone before;
Great elms rise solemnly by slab and mound,
Arched high above a hidden world of yore.
Round all the scene a light of memory plays,
And dead leaves whisper of departed days,
Longing for sights and sounds that are no more.
Lonely and sad, a specter glides along
Aisles where of old his living footsteps fell;
No common glance discerns him, though his song
Peals down through time with a mysterious spell.
Only the few who sorcery’s secret know,
Espy amidst these tombs the shade of Poe.
Por onde andou Poe
As sombras neste solo lamentam eternamente
A sonhar com séculos já passados anteriormente;
Vistosos elmos se erguem solenemente
Por sobre um oculto mundo de outrora.
A envolver a cena, uma luz da memória se demora
E folhas mortas sussurram sobre dias ancestrais,
Ansiando por visões e sons que não existem mais.
Solitária e triste, assim vaga a assombração
Por corredores onde seus passos percorreram.
Olhar nenhum a reconhece, mas sua canção
Com misterioso feitiço, descama o tempo
Somente os poucos a quem tal segredo se revelou
Discernem entre estes túmulos a sombra de Poe.
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