Cecília Meireles (1901-1964) destacou-se como uma das principais vozes femininas da literatura brasileira do século XX. Foi jornalista, professora, tradutora, pintora e poeta. Também escreveu em prosa e teve obras direcionadas para o público infanto-juvenil. Com 18 anos, publicou seu primeiro livro de poemas denominado Espectro.
Infância solitária e viuvez precoce
Foi a única dos quatro filhos da família que sobreviveu. Não chegou a conhecer o pai, pois ele faleceu antes de Cecília nascer. Aos 3 anos, também perdeu sua mãe. A menina foi criada pela avó materna. Casou-se aos 20 anos, em 1921, e teve três filhas. Em 1935, seu marido suicidou-se. Após 5 anos, a escritora formalizou um novo relacionamento.
Premiação aos 9 anos
Em 1910, após concluir o ensino fundamental na Escola Municipal Estácio de Sá, ganhou do inspetor escolar, Olavo Bilac, o prêmio de reconhecimento pelo seu esforço e desempenho. Recebeu, mais tarde, em 1938, o prêmio Olavo Bilac, pelo seu livro Viagem, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Tentativa de encontro com Fernando Pessoa
Em 1934, Cecília viajou para Portugal para participar de conferências em universidades e, por meio de um amigo, entrou em contato com o escritor Fernando Pessoa. Após longa espera por ele em um café, ela decidiu retornar ao hotel. Lá, encontrou um recado dele dizendo que não foi ao encontro porque seu horóscopo não estava favorável. O escritor deixou um exemplar do seu livro Mensagem como pedido de desculpa pelo não comparecimento.
Centro cultural fechado
Crítica do governo Vargas e defensora de uma educação pública de qualidade, Cecília participou da fundação do movimento Escola nova junto com outros intelectuais. Em 1934, ela e o primeiro marido criaram o Centro de Cultura Infantil, primeira biblioteca para crianças, mas diante de denúncias de que ali havia material educacional duvidoso, o local acaba sendo fechado em 1937.
Grafia do sobrenome
A grafia do sobrenome da escritora era originalmente com dois “l”. Ela resolveu adotar apenas um l, após receber uma carta de um desconhecido que se dizia médium e lhe sugeriu tal mudança para “tornar a vida mais leve”. Como no momento estava fragilizada pela morte do marido, aceitou a sugestão.
Homenagem
Embora vários escritores tenham sido retratados em papel-moeda, Cecília foi a primeira e única literata a estampar uma cédula nacional. Foi homenageada nas notas de 100 cruzados novos entre 1989 e 1992.
Poetisa não, poeta
Cecília não gostava de ser chamada de poetisa, pois para ela significava uma diminuição do seu trabalho. Poeta seria mais adequado e não marcaria essa distinção entre os gêneros. Inclusive, evidenciou isso no poema Motivo.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Fonte: Revista Galileu