“- Eu posso ficar invisível! Isso transcenderia a mágica.
E contemplei, dissipadas as dúvidas mais nebulosas, uma visão magnífica de tudo o que a invisibilidade poderia significar para um homem: o mistério, o poder, a liberdade.”
O Homem Invisível, de H. G. Wells, conta a história de um jovem cientista que, após anos de pesquisa, descobre a fórmula de se tornar invisível. Ao chegar na pequena cidade de Iping, o homem se mostra completamente enfaixado, com luvas e óculos que protegem grande parte do seu corpo. No entanto, sua atitude reclusa, em meios a produtos químicos, tubos de ensaio, logo desperta suspeitas dos moradores da pequena vila que, dia após dia, começam a descobrir o seu segredo. Acuado, o homem se mostra profundamente violento e comete uma série de crimes para tentar proteger sua identidade e sua vida. O trágico da história é que não poderia estar seguro em lugar nenhum: embora seja invisível, ele precisa permanecer nu e não pode se alimentar, além de ainda conseguir ser escutado. Aos poucos, o que parecia ser um grande poder se torna uma espécie de maldição que vai perseguir este homem até o fim.
O NotaTerapia separou as melhores frases da obra. Confira:
Vou dizer o que penso, cá comigo. Esse sujeito deve ser malhado, Teddy. Aqui preto, ali branco…em manchas. E ele tem vergonha de ser assim. Deve ser algum tipo de mestiço, e as cores saíram em manchas em vez de misturadas. Já ouvi falar nisso. É comum em cavalos, como qualquer um pode ver.
O fato é que me encontro aqui por inteiro, cabeça, mãos, pernas e todo o resto do corpo, mas acontece que estou invisível. É um aborrecimento absurdo, mas o fato é que estou assim.
Será que estou sonhando? Será que o mundo inteiro enlouqueceu ou…fui só eu?
Tolos aos vinte dois, tolos hoje.
Em todos os meus grandes momentos, sempre estive sozinho.
Sentia-me como deve se sentir um homem que enxerga, como pés acolchoados e roupas que não fazem barulho, em uma cidade de cegos.
O nariz está para a mente de um cão como o olho está para a mente de um homem que enxerga.
Nem os princípios fundamentais de humanidade…
– Podem perfeitamente valer para as pessoas comuns.
De que vale o orgulho de ocupar uma alta posição se você não pode aparecer? De que vale o amor de uma mulher se seu nome é Dalila? Não gosto de política, das intrigas da fama, de filantropia, nem de esporte. O que eu podia fazer? Acabei de tornando um mistério enfaixado, uma caricatura amortalhada de homem.
Edição: Editora Zahar, 2017