Escute as Feras ganha livre adaptação do livro homônimo da antropóloga francesa Nastassja Martin publicado na França em 2019 e no Brasil em 2021 pela Editora 34. O livro obteve grande repercussão mundial e recebeu o prêmio François Sommer de 2020 por sua contribuição à reflexão a respeito das relações entre homem e natureza.
O projeto, idealizado por Maria Manoella e Fernanda Diamant, estreou no Sesc Ipiranga, ficando em cartaz de 11 de novembro a 3 de dezembro de 2023 e em seguida fez curta temporada de 6 apresentações, de 29/2 a 3/3/2024, no Teatro Cacilda Becker. Agora, ganha temporada no Teatro Estúdio, de 19 de novembro a 11 de dezembro.
A atriz Maria Manoella estava à procura de um texto literário para transpor ao teatro quando a filósofa e editora Fernanda Diamant lhe apresentou essa obra ficcional que tinha acabado de ler, baseada numa história verídica, — e as duas, junto com a diretora Mika Lins, escreveram a adaptação teatral.

Nastassja Martin teve seu rosto desfigurado por um urso pardo em um encontro inesperado na região de Kamchatka, na Sibéria no ano de 2015. A autora então parte do relato desse acontecimento para pensar questões sociais, políticas e existenciais.
Fruto de uma criação coletiva, a peça é ao mesmo tempo um espetáculo solo de Maria Manoella, e uma experiência artístico-sonora conduzida ao vivo pelo músico Lúcio Maia “Uma infinidade de instrumentos musicais acompanha as ações da atriz, a partir da concepção dos Dubs jamaicanos somados a minha experiência autoral de manejar múltiplos setups explorando novas sonoridades”, comenta Lucio.
O processo de adaptação do texto se concentrou nos principais pontos de contato entre essa história e a realidade brasileira, entre essa mulher e todas as mulheres resultando em uma hibridação – ela passa a ser miêdka, meio a meio.
A versão final, descarnada, se descola do realismo da obra de não ficção e procura criar um microclima de sonho e estímulo dos sentidos. Para isso, conta também com a direção de arte de Daniela Thomas e a iluminação de Caetano Vilella, artistas hipnóticos. Fabio Namatame se soma a proposta estética com o figurino. Para expressar essa fisicalidade, foi essencial o trabalho de Vivien Buckup e também a colaboração dramatúrgica da escritora Ana Paula Pacheco, que acrescentou uma camada a mais ao trabalho desta adaptação. A diretora Mika Lins se encarrega de conduzir essa orquestra.
“Se afirmo sou humano, digo sou diferente dos animais. Toda identidade perpassa por uma noção de diferença, em que ser como se é depende do não-ser outra coisa. A partir do momento em que Nástia sobrevive à troca de olhares com um urso; ao encontro dos corpos físicos de dois mamíferos tão diferentes quanto iguais, se corporifica um não-lugar no que restou de Nástia. É isso que investigamos nessa obra, as incertezas geradas nesse embate”, conclui Maria Manoella.
Ficha técnica:
Autora: Nastassja Martin | Tradução: Camila Boldrini e Daniel Lühmann | Idealização: Maria Manoella e Fernanda Diamant | Adaptação: Fernanda Diamant, Mika Lins, Maria Manoella | Fala do Urso: Ana Paula Pacheco | Direção: Mika Lins | Co-direção: Fernanda Diamant | Com: Maria Manoella e Lúcio Maia | Direção Musical, Produção, Composição e Execução: Lúcio Maia | Direção de Arte: Daniela Thomas | Figurino: Fabio Namatame | Iluminação: Caetano Vilela | Direção de Movimento: Vivien Buckup | Assistente de Direção: Luana Gouveia | Produção: Rodrigo Fidelis (Corpo Rastreado) | Operação e adaptação de Luz: Luana Gouvea | Operação de Som e Vídeo: Edézio Aragão | Direção de Palco: Diego Dac | Fotos e vídeos: Ariela Bueno | Edição de Vídeo: Sergio Glasberg | Identidade Visual: Flávia Castanheira | Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro
Serviço
de 19 de Novembro a 11 de Dezembro
Quartas e Quintas às 20h
Classificação indicativa: 16 anos
Tempo de duração: 70 minutos
83 lugares
Ingressos:
R$ 100,00 [inteira]
R$ 50,00 [meia]

