A Polícia Civil de Santa Catarina abandonou definitivamente a ideia de um estado laico e está fazendo proselitismo religioso ao lado de igrejas evangélicas. Dessa vez, ela anunciou que vai distribuir o livro evangélico “Café com Deus Pai”, do pastor Júnior Rostirola, da Igreja Reviver, para todos os seus policiais e estagiários. A iniciativa partiu de uma doação em larga escala feita pelo próprio autor e influenciador religioso, que possui mais de um milhão de seguidores no Instagram.
De acordo com a corporação, os exemplares já foram recebidos e agora serão repassados para cada agente no estado. O delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, foi quem anunciou a medida publicamente em suas redes sociais, onde agradeceu ao pastor pela doação.
Leia também: Por que “Café com Deus Pai” não é um livro religioso, mas exploração da fé e propaganda ideológica?

Em sua publicação, o chefe da polícia catarinense defendeu a distribuição do material religioso. “Uma dádiva de Deus, que vai engrandecer e motivar cada policial civil na sua luta diária”, escreveu Gabriel. Ele justificou a ação citando os riscos da profissão: “Muitos de nós saímos de casa sem saber se vamos voltar, e a palavra de Deus é um conforto, um estímulo e uma motivação”.
A entrega dos livros foi feita pessoalmente pelo pastor Júnior Rostirola à instituição. A obra “Café com Deus” é uma série de devocionais diários, um gênero literário muito popular no segmento evangélico, que busca oferecer mensagens de fé e reflexão para o dia a dia.
Doar livro evangélico não é doutrinação?

A direita que tanto acusa a esquerda de fazer “doutrinação”, no entanto, aparentemente não vê nenhum problema nesse caso. Pelo contrário, estão agradecendo e demonstrando apoio ao pastor que é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Porém, o caso é grave e não pode ser minimizado. Essa doação levanta questões no mínimo polêmicas sobre a separação entre Estado e religião, já que a Polícia Civil é uma instituição pública e laica, mantida por recursos dos contribuintes.
Especialistas em Direito Constitucional frequentemente alertam que ações promovidas por órgãos estatais que privilegiam uma crença específica podem ser vistas como desrespeito à liberdade de crença de servidores de outras religiões ou ateus.
E você, o que acha?

